sábado, 14 de outubro de 2017

PACMAN

aulo Alexandre Cafôfo (PAC-MAN) passou ao nível seguinte e atormenta os fantasmas do PSD-M por ter ficado na câmara e na ante-câmara do poder que o sistema não quer perder, apesar de insistir nas decisões políticas mortais. Os resultados das autárquicas permitem comprovar quão factual era a leitura de alguns.



Num estudo de opinião não publicado, efectuado na última semana da campanha autárquica, Paulo Cafôfo (enquanto força política) valia mais do que o PSD-M. Se as Eleições Legislativas Regionais ocorressem naquela data, o CDS com Cafôfo teria uma maioria absoluta na ALR mas com o PSD-M não. Nesse estudo, que dava a vitória eleitoral a Cafôfo nas Autárquicas com quase 44% (obteve 42,51%, dentro da margem de erro), 55% dos inquiridos achavam que ele ganharia, mostrando que há eleitores fiéis aos seus partidos mesmo reconhecendo outro favoritismo. A análise mostrou que o PSD-M está a perder eleitorado para os independentes e o CDS, verificando-se um fenómeno onde o CDS não tem um resultado pior porque alguns PSD, que não conseguem votar Cafôfo, refugiam-se naquele partido. Na pergunta sobre as forças políticas, este volta a assumir o primeiro lugar enquanto independente, muito à frente de Albuquerque quando em comparação directa. Numa questão de simpatia, Cafôfo compara-se a Jardim mas, quando a pergunta se coloca ao nível político, este ganha a Jardim. O que não se sabe é quanto vale Cafôfo sem o divisionismo no PSD-M.

Este vencedor tem projecção de líder mas falta-lhe equipa para outras ambições e o PSD-M (bem ou mal) tem quadros mas não se vislumbra um líder com aceitação no eleitorado para ganhar umas Regionais, ainda para mais, com a sua base eleitoral a mingar e um CDS também em queda que partilha do mesmo eleitorado. Um último dado curioso, dos que em 2015 votaram, 40,60% mudariam o voto. Estes elementos não têm origem em nenhum partido, coligação, interesse político, governos ou empresa de comunicação, tive um acesso fugaz à informação reservada sobre a sociedade madeirense. Ricardo Vieira, por leitura, intuição ou sopro, ao abandonar a ALR em busca de uma AD, de forma todavia indefinida, está lúcido. Em artigos passados, afirmei que Cafôfo fazia de Jardim, ele contra todos, e também que as Autárquicas decidiam as Regionais, agora digo que as Regionais de 2019 serão as mais ferozes de sempre, o sistema está a ruir por esgotamento da fórmula. O povo quer mudar porque o exemplo nacional desmistificou os exageros dos radicais, controlados pelas regras da UE, e porque zelou pelo povo trazendo uma onda de esperança e entusiasmo a Portugal. Se uma geringonça regional deitar mão ao Orçamento Regional, a primeira coisa que fará é dedicá-lo ao povo e não ao betão, o que envergonharia o PSD-M.

Quem avança com um PPSD - Partido Popular Social Democrata para atalhar o estado comatoso de PSD-M e CDS-M? Ou será uma AD? A Renovação desilude o eleitorado de forma reincidente. Fica registado pelo eleitor o recente assalto do lobby do betão corporizado na vice-presidência, co-responsável pelo Savoy enquanto vereador e funcionário do proprietário, que terá todos os poderes para elaborar um plano perfeito: as finanças, os subsídios e os transportes, com as obras a recair noutro para parecer uma isenta coordenação política. É sinistro pensar como o vice rejeitou em tempos desempenhar funções governativas por ter de aceitar uma redução significativa do vencimento auferido na empresa de construção. O que mudou? Vai tratar de dívidas com o banco do irmão, efectuar pagamentos ao patrão, negociar com os pilares lobistas a que pertence. Em política, o que parece é. Qual o trunfo político? Ter deixado no passado a CMF em agonia financeira?
Um projecto alternativo preconizado por Ricardo Vieira, que tome por razão de existir o medo da chegada dos radicais de esquerda ao poder, terá o sucesso condicionado pela recordação da austeridade sem humanidade da Caranguejola versus Geringonça a nível nacional e a não alteração do modelo de governação regional mesmo com derrota. Para o eleitorado, o papão da esquerda radical faleceu e o da direita nasceu por culpa de uma geração de políticos inaptos e teimosos. A remodelação e rotações pós Autárquicas são mais um nível vencido pelo PACMAN. Se este pode ter um desaire na Assembleia Municipal, a Renovação pode ter o seu na ALR através dos deputados com instintos suicidas.



A Cafôfo resta-lhe acelerar na sua maioria absoluta para comprovar o que vale nos 2 primeiros anos de 4, passando a pente fino as críticas recebidas na campanha, entendidas como trunfo político pelos adversários, até porque continua a precisar de negociações na Assembleia Municipal onde o PSD ensaia o canto de cisne com as muletas CDS, MPT e PTP que definirão como querem ser considerados em 2019. Enquanto isso cumpre o programa. Cafôfo deve perceber que é o líder que une (olhar para a Renovação). Deve tirar meio dia, todas as semanas, para visitar os seus funcionários e ouvir o que têm para dizer sobre o desempenho da CMF. Esclarecer com alguns que servem os munícipes e não os partidos, exercendo uma pedagogia para o fim da politização e intoxicação de ambientes numa autoridade sem autoritarismo, depositando confiança nos funcionários e dando-lhes condições para não optar pelo outsourcing. Deve estar consciente de que muitas atenuantes findaram e que fará comparação com a maioria absoluta da Renovação. Muitos abutres do sistema, os que estoiram mandatos, vão arrastar a asa, o arranque é muito importante pois determina condições e regras, é olhar para os erros da Renovação e ver o padecimento assente em orgulho que não pode voltar atrás. Durante a campanha vimos documentos do relacionamento entre a CMF com seus munícipes em público para gincana política, denotando que a privacidade dos dados está ao nível da Segurança Social regional (dados e auxiliares), EDP, NOS e MEO. Sujeita a contra-ordenação até 1 milhão de Euros. Deve preferir a adaptabilidade e bom senso da gestão política em vez da tecnocrata. A Confiança deve ser exemplo na imparcialidade e decência dos concursos a fim de restabelecer na região a oportunidade por mérito. Dia 17 sai para o mercado uma nova versão do PACMAN.



Diário de Notícias do Funchal
Data: 14-10-2017
Página: 24
Link: PACMAN
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