segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Política Paisagística? Assine já!

stá a terminar o prazo da petição sobre a volumetria do novo Hotel Savoy. Não é contra o hotel, é contra o tamanho, em protecção do emprego que existe e em respeito pelos outros hoteleiros que veneram a paisagem.

Segundo a acta camarária 6/2009, o projecto foi aprovado por maioria com uma notada falta do vereador-funcionário do promotor, acompanhado pela ausência momentânea mas pontualíssima do rato do sistema na votação. Recebeu votos contra do PS e da CDU. Tudo perversamente legal, fundamentado num Plano de Urbanização do Infante que caducou e se esqueceu das regras superiores do Plano Director Municipal e do Plano de Ordenamento Turístico. Na altura, parece que não conheciam monumentos ou espaços classificados. Assim, o Savoy abre novos precedentes depois de ter usufruído de outros. A licença de construção dá direito a uma indemnização como prémio de “jogo” em caso de derrota. Nascerá com o habitual obscurantismo que tende a acompanhar sempre os mesmos. Ter poder ou dinheiro é uma responsabilidade, não um salvo-conduto.

Ao menos traz emprego? Claro que sim! Depois de construído faz sombra, disputando quadros credenciados ou com experiência, em seguida socorre-se do desemprego. A realidade volta ao mesmo com novos desempregos nos 3 e 4 estrelas pelo dumping para encher o gigante. Só falta o “all-inclusive” para não derramar sinergias na restauração local.

O Pestana Casino Park é um irritante vizinho. No atrium estão os manuscritos de Óscar Niemeyer, comprometido com a qualidade e o respeito pelo meio envolvente. Nele há até reparos às autoridades de então, coisa impensável nos nossos dias ao serviço de um promotor:

“O projecto de um hotel na Ilha da Madeira apresenta uma série de problemas fundamentais. Primeira, as características do lugar, a beleza da ilha, seu aspeto pitoresco e acolhedor, que cumpre proteger. Segundo, os problemas que daí decorrem, problemas de gabinete, escala, visibilidade, etc.

Trata-se a meu ver de problemas tão importantes que ao redigir esta explicação, sinto-me obrigado a abordá-los, advertindo as autoridades locais da conveniência de estabelecer medidas de protecção paisagística: fixação máxima de gabinetes, 4 pavimentos, inclusive "pilotis", para os prédios de apartamentos; e 8 pavimentos, inclusive "pilotis", para os edifícios especiais (hotéis, etc) que o turismo exige. Proteção indispensável do panorama nas avenidas que contornam os morros, evitando nas mesmas, construções que possam cortar a visibilidade (Des. 1), o mesmo acontecendo com os edifícios mais extensos que não deverão, depois de construídos, constituir como que um muro contra a cidade (Des. 2). Óscar Niemeyer. Paris, 22 de Junho de 1966.”

Croquis nos manuscritos de Óscar Niemeyer. Amplie.

Arquitecto Viana de Lima
A “escola” de mérito Niemeyer venceu e foi implementada por um seguidor, o arquitecto Viana de Lima. Desenvolvimento não é volumetria, é harmonia, sempre. A Madeira vende paisagem e, por consequência, a hotelaria usufrui dela. O Savoy terá o dobro do máximo sugerido por Óscar Niemeyer para a nossa paisagem, estamos a trocar as ideias, vamos vender hotelaria. A Madeira está a escolher o tipo de turismo que quer e o preço que deseja cobrar. Os inimigos não são externos, aliás, o terrorismo tem encaminhado novos turistas para o nosso destino.

Quando os grupos internacionais da hotelaria despertarem para a região, vão querer um hotel igual ao Savoy, o precedente está aberto. O que irão responder a essa pretensão? Deveríamos estar a trabalhar para ser paisagem património mundial, lucrávamos mais, em vez de caminharmos para Benidorm. O turismo da Madeira não é de imensos resorts com a pulseirinha para não sair do hotel, é de deixar a mala e partir à descoberta dos valores patrimoniais naturais e culturais que “vivem” neste secular contexto paisagístico de ambiência pitoresca. De descobrir a singularidade, a raridade e a originalidade da Pérola do Atlântico no mundo globalizado.

Cabe ao madeirense participar na opinião pública que zela pelo verdadeiro interesse da sua terra. O seu tradicional medo, calculismo ou ilusão de benesse geram sucesso nos prevaricadores. Vai a tempo de assinar a petição para que haja um debate sério na ALR: http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT79514

Sobreposição dos hotéis vistos do mar. Cobertura integral da paisagem. Amplie.
Diário de Notícias do Funchal
Data: 29-02-2016
Página: 7
Link: Política Paisagística? Assine já!


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sábado, 6 de fevereiro de 2016

Nova peça de teatro em nova temporada

O OBSERVADOR é uma imitação de órgão de comunicação anglo-saxónico com interpretação política definida e constante que condiciona a informação e a opinião. Está no seu direito, cabe aos leitores avaliarem o crédito.

Passos Coelho nunca será social-democrata, mentirá o que for preciso para chegar ao poder e depois de lá estar voltará ao mesmo. Não estou a dizer nenhuma novidade, depois dos últimos quatro anos. Com ele, o "social" deveria cair da sigla do PSD e o "democrata" deve ficar bem ténue atendendo ao seu entendimento sobre a constituição, ao tratamento corporativista do partido em vez do respeito pela democracia representativa mas, sobretudo, porque quem lhe deposita o voto não fez mais do que o seu dever para pessoa tão importante. Soberba e arrogância.

Passos a caminho da reeleição. Por fim a social-democracia?
Encontrará tecnocratas para fazer coro, sobretudo os que precisam de alimentar o sucesso, todos eles a berrar para tentar fingir número. Os resultados eleitorais do PSD nunca foram tão pequenos e hesitantes. Se o PSD mantém Passos Coelho sem o CDS vai ser o desastre porque ninguém acredita neste repentino baptismo na social-democracia. Há muitos social-democratas, suficientes para uma maioria absoluta, cai para menos de metade os que são do PSD, deste PSD. Passos Coelho está a dizer o que as pessoas querem e gostam de ouvir mas, esquece que também destruiu a vida a social-democratas com a austeridade estúpida.

Neste momento, os tecnocratas vêm buscar os votos e o poder às pessoas. Por incrível que pareça esses malditos votos ou apoios não saem da folha de excell, da Merkel, dos mercados. Que descoberta tão tardia para gente que se arroga sempre mais inteligente. O PSD está em crise de identidade por fraca geração de lideres e vai piorar. O PSD está em crise de resultados porque odeia social-democratas.
A celeridade com que o PSD-M aderiu à candidatura de Passos Coelho, sem esperar para ver se há mais, indica que é convictamente da mesma estirpe e isto vai dar muito errado.

Uma coisa é a arrogância de entenderem que têm sempre razão, outra coisa é a azia da realidade. É assim que ficam furibundos numa atitude mal formada do quero, mando e posso.

O insucesso é a austeridade do PSD, estranho que não goste.

O PSD ao perder a razão não hesita em atrapalhar os destinos do país metendo areia em todas as engrenagens possíveis. Estamos sempre a ver, fica registado.

O OBSERVADOR distraiu-se na foto, para condicionar a realidade é necessário a máxima atenção. O pai de Passos Coelho também não é deste PSD.