sábado, 25 de fevereiro de 2017

Eduardo mãos de tesoura

ábado Gordo, o calendário chinês decretou o fim da macacada rumo ao “ganda” galo, alvitrando que 2019 vai dar no porco com um “ah cão” em 2018. O humor com belos disfarces aprecia o cortejo alegórico, os enredos e as respectivas batucadas. Arranca o Carnaval 2017.

Samba Enredo do erro político: Eduardo invocou no início do mandato uma indemnização adiando mudanças num dos problemas da região, os portos e seus custos. O presidente do governo disse que não fazia saneamentos políticos mas o que estava em causa era o superior interesse da região para avançar com novas políticas. Mexer no modelo de exploração dos portos é urgente mas uma bomba relógio, a falta de lucidez pode contar com confusões eleitorais. Se não cumprir, falha uma promessa eleitoral, se houver meia solução perante o discurso de ruptura dará polémica, se renegociar com o lobby este naturalmente defenderá os seus interesses. Então é preso por ter e não ter cão? Exactamente! Mas há um pormenor, o timing! Um político planificava as acções fracturantes para o início do seu mandato. São estas as palavras que contam: “Não podemos ter um dos portos mais caros do mundo, não há qualquer justificação para os preços praticados nos portos da Região”. Fazer estágio técnico num governo é um luxo, o político é mortal.


Samba Enredo do novo mandato da APRAM: a missão é titânica mas poucos estão conscientes, talvez por isso a administração seja composta por 2 disfarces de Titanic e 1 de rebocador. A comunicação está pior e não augura nada de bom para a transparência a nível interno e externo. Da opção por uma financeira para liderar a APRAM deve resultar, pelo menos, na cobrança das dívidas a operadores e agentes portuários, disciplinar a facturação e a cobrança da actual operação ferry e demais inquilinos. A APRAM deve dar lucro.

Como vai a APRAM defender os interesses da região dos tentáculos privados? Como vai actuar perante os apetites de privatização de áreas sob sua tutela que prevaricam as certificações dos cais? Se vamos ter ferry Madeira-Continente, quais as regras que garantem o uso da rampa Ro-Ro? Continuaremos a dar mais área de estacionamento a um restaurante do que aos movimentos dos passageiros do ferry? Esta administração findará a falácia onde se situa o debate político sobre o conceito de ferry para condicionar os resultados? Qual o plano anti decadência nas escalas de cruzeiros? Vamos ter promoção, visão conjuntural e prestação de contas das iniciativas realizadas? Estando a economia à mercê de um oligopólio que sufoca a economia prosseguirá pelo mesmo caminho nas marinas e nos estaleiros? Em que condições ocorrerá a ampliação do molhe da Pontinha? Vamos ter mais falhados em obras marítimas? Estará a presidente da APRAM consciente de que a cidadania madeirense pode intervir nos portos? Foi escolhida por ter um programa? Uma entrevista com compromissos é urgente, de preferência em directo.


Samba Enredo da iluminação de Natal: percamos o instinto de ilhéu que compara consigo no ano anterior, comparemos com outros destinos concorrentes. Temos de criar ornamentação e não colocar iluminação, usar tecnologia e não colocar tecnologias. Deixamos de produzir os nossos desenhos para importar “pré-fabricados” por catálogo. O Funchal deve ser segmentado por áreas e entregues a artistas que produzirão ornamentos originais. Devemos restituir o nosso legado de Natal às iluminações e materializar a nossa singularidade perante destinos concorrentes. Devemos acabar com os investimentos em iluminação para colocar no chão, sem impacto visual e que não se projectam nas fotografias, devemos optar pelos postes temáticos que decoram, criam luminosidade e ambiência de forma mais eficaz. A zona hoteleira deve ter a mesma atenção que a baixa. Deve-se guardar o que melhor resultou para uma área vintage nos anos seguintes, conceber um bom mercado de Natal que inaugurará integralmente as iluminações de Natal a meados de Novembro para captar turismo nessa época baixa. Centralidades como a Avenida Arriaga não devem substituir ornamentação por motos de vendas, devem coexistir. Os operadores de imagem devem ter opinião na concepção pois garantem a imagem que vamos vender. A iluminação em gambiarra com lâmpadas LED pelas ruas do anfiteatro ganhou nova vida, só temos que cobrir áreas negras para equilibrar o conjunto. Estamos a viver da fama, num enclave de notoriedade a executar erros. Quanto ao anunciado Festival da Luz, não será uma novidade para os turistas europeus, esperemos que não seja mais uma cópia.


Samba Enredo do fogo da passagem de ano: a frente de postos de fogo deve regressar à Avenida do Mar criando uma densidade que agracia a afluência à baixa e garante aos navios de cruzeiro uma melhor vivência do espectáculo. Contraria a redução da visibilidade provocada pelo fumo e melhora a integração da componente das explosões. A perspectiva dos navios é essencialmente cénica, o ruído dissipa-se conforme o afastamento da baía e este é um componente da pirotecnia no final institucionalizado. A frente de fogo dá consistência à recolha de imagens, as capturas integrais são difíceis, essa dádiva é para desfrutar presencialmente. Nunca estará pendente do estado do mar. Se os minutos diminuem para manter o ritmo de fogo, não podemos ao 4º minuto perder a cadência do apoteótico.




Diário de Notícias do Funchal
Data: 25-02-2017
Página: 27
Link: Eduardo mãos de tesoura

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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Deus e eu


rente a frente. Adorá-lo ou Desafiá-lo? Como entidade de bem não levará a mal um exercício de dúvida. Será que olho para Ele nos olhos? Será um ser, uma luz, uma metáfora, uma mandala, uma consciência, um valor ou uma ética? O que finalmente será?

Enerva aquele modo de Ser que encerra em nós as perguntas e as respostas, um monólogo em presença de dois com todos. Se vê, ouve e sabe tudo só poderei jogar com a verdade nos limites da compreensão humana. A verdade com Deus é como uma arma de dissuasão pela positiva, não haverá um passo em falso sem ter a certeza. É incrível que haja esta solução e ninguém a tenha usado. Deus parece aqueles que nunca perdem a razão porque nunca vão a votos. Será? Que silêncio.

Não será naïve jogar honesto para perder quando outros jogam sujo e ganham, ficando com a razão e a importância através da vitória suja? Se vitórias assim ditam as regras, como pode o mundo triunfar se o mal é tão fácil e o mérito tão desafiante na complacência do próprio Deus? Será que Deus é uma matriz de consciência que surge com a evolução do ser humano? Existe enquanto tivermos consciência ou existência?

Custa ter coragem de reclinar o olhar e finalmente ter a certeza de que existe quando sentimos tanta injustiça, quando parece que os piores ganham sempre e que os males afectam só a boa gente. Será que notamos o benefício dos maus e omitimos o dos bons? Será de novo a consciência? Onde acaba o sentimento e começa o pecado?

Como responderia Deus aos desafios dos maus materializando a sua presença na Terra? Penso em momentos da história universal que nos poderiam ter levado ao extermínio se o bem não lutasse com maus modos. Imagino a Segunda Grande Guerra, com os bons a lutar com as palavras e não com armas, como ganharíamos à besta? Não teremos vencido por via do pecado para alcançar o bem? Proponho um desafio, ver as suas soluções em aulas práticas. Há uma condição, teria que actuar como ser humano, sem truques. Será que Deus na ausência da harmonia e da perfeição, na presença de toda a maldade deste mundo, também perderia as estribeiras? Chegaríamos ao limite da legítima defesa para cometer um pecado inimputável? Seria prova da Sua imagem e semelhança em relação a nós? Só me lembro do sofrimento de Cristo e o que disse na cruz enquanto homem. Somos experiências de Deus para alcançar a perfeição?

Como ser perfeito, supremo, infinito, a causa primária de tudo mas também o fim das coisas, Deus nunca esteve sujeito a um início onde decorre o espaço, o tempo, a matéria e o transcendente. Se nascemos mas nunca temos fim, passando da matéria para o espírito e Deus é a origem, onde somos a imagem e semelhança, qual a génese do Criador? Se Deus é a origem de tudo como existe Deus e o conhecimento? Será que regressamos, de novo, à matriz de consciência onde Deus derrama a evolução do homem nesta imensidão do universo? Deus é autodidata ou faz experiências connosco?

Somos os únicos à Sua imagem e semelhança no universo? Porquê só nós ou porquê tantas imagens e semelhanças? Porque a fé é profusa em metáforas num labirinto que nos impede de chegar a ideias claras? Para criar o mistério da fé? Porque temos tantas perguntas ao fim de tanto tempo?

Num mundo com tantos deuses, muitas vezes fonte de discórdia, porque terei eu o original e os outros não? O meu Deus não sucumbirá como os deuses dos egípcios, dos gregos, dos astecas ou por acção da ciência? Porque ficamos instantaneamente devotos quando a ciência falha ou não é suficiente? Deus existe porque precisamos de acreditar, nos referenciar em algo e ter a resposta universal quando desconhecemos?

Por vezes agoniamos tal como seu Filho na cruz e ficamos a pensar se sente, apesar de ter criado o que, por vezes, estes terrenos sentem de dor e injustiça.

O leitor é crente por fé, por devoção, por via das dúvidas, não vá o diabo tecê-las ou só quando está aflito? Porque é que sendo uma questão para se levar muito a sério há muitos intermitentes na sua fé? Porque é que se a fé salva o espírito para todo o sempre somos tão humanos, com defeitos e virtudes, no dia-a-dia? O que falha em algo tão imprescindível?

Que certezas ficam? Deus é um enigma que cada um assume com maior ou menor profundidade, para distinguir o bem do mal, e nos transportar do plano material da nossa dimensão humana para a espiritual? Deus faz-nos viver pelo melhor prisma da humanidade? A Sua existência serve para nos provocar a dúvida e termos a humildade da pequenez na imensidão do desconhecido? Será que é a dúvida sobre Deus que nos faz melhores pessoas? Se a humanidade falhar será à sua imagem e semelhança? Se Deus exerce efeito, existe? Como? A descoberta é a missão da vida.

Caro Deus gostei muito deste bocadinho, agora que virei do avesso a fé, as consciências ou existências, deixo-te por afazeres terrenos. Abana esses Santos acomodados porque vivemos tempos desafiantes onde a descrença substitui a dúvida. Dizem que o Padre José Luís convidou o Trump para um “Deus e eu”, vou ver como te desenrascas! Já percebeste que é mentira, pequei por uma boa causa, a de desafiar-te a ser melhor Deus. Que heresia.


Blog "O banquete da palavra": Deus e eu
Facebook: Hoje "Deus e eu", com Carlos Vares ...
Nota: Texto exclusivo para o blogue "O Banquete da palavra" da autoria do Padre José Luís Rodrigues.