sábado, 28 de janeiro de 2017

Porque definha o PSD-M?

poder, em democracia, não é estatuto que manipula a realidade, é contrato a termo certo assinado por uma maioria em favor de políticos que se tornam governantes, aos quais se exige postura intelectual e executivamente isenta na prestação exclusiva de serviços ao eleitor e na protecção do bem público.

A maioria que assinou o último contrato nas Regionais, em  benefício da dúvida, detectou que a linguagem forte de ruptura usada foi uma estratégia e não um compromisso. A convicção foi selada no passado fim de semana onde um destacado militante proferiu a frase “nunca houve ruptura entre o novo e o velho PSD”. No congresso de “união”, os seguidores/militantes de base ostracizados observaram este jogo de espertalhões que lhes confere a culpa do passado. No eleitorado surge a pergunta: - para que foi todo aquele circo das Internas e das Regionais?

Renovar significa, nesta altura, obras de “beneficiação” sobre uma mesma base. O PSD-M reprovador da Madeira Velha é o partido do “filhismo”, a oportunidade encerrada, premeditada e guardada para o filho ou filha de fulano tal. Depois segue-se o “amiguismo”. Não é natural que o PSD-M mingue? Que as famílias falidas pelo PSD-M o abandonem e outras instruam seus filhos a partir, ainda durante os estudos, para uma terra de mérito e oportunidade livre?

PSD-M está apinhado de generais com pés de barros
sem soldados rasos de alta patente.

A dificuldade em conseguir candidatos vencedores para as Autárquicas prova que o PSD-M está apinhado de generais com pés de barro sem soldados rasos de alta patente. Nalgum tempo, um candidato era uma “instituição” respeitada com apoiantes à partida. O PSD-M está num momento onde os valorosos se resguardam para não apanhar, de novo, com as culpas, e os menos cotados acreditam na oportunidade. O que se vê no governo vai chegar às autarquias. Os problemas não começam em Lisboa, nos Directores Regionais, nos apelidados por ressabiados, os problemas arrancam nos líderes por injustiça. O PSD-M não respeita há muito tempo o mérito e a selecção natural. Os actuais líderes já pensaram na história que estão a escrever e nos novos líderes que promovem para o futuro? As opções e prioridades definem os líderes. Se a matéria prima é fraca, os métodos então valha-nos Deus. Depois de um arranque de maus feitios, da demonstração de impreparação para lidar com o poder e dos perfis falsos nas redes sociais, surge o curso de comunicação para saber lidar com o povo. O congresso encerrou a formação com “é preciso ir à tasca beber um copo e ouvir o sino da igreja”. Governar bem evita uma carga de trabalhos. O final do congresso poderia ter sido apoteótico, com o presidente da mesa a insistir na união e umas imagens das ribeiras do Funchal a passar em fundo. Os congressistas levantavam-se e pediam a sua candidatura às autárquicas pelo Funchal, para também roer os ossos. Líderes são exemplos que se generalizam.

Antes de chegar ao povo, o PSD-M tem que satisfazer uma enorme clientela que deixa pouco espaço ao trabalho sério que resulta em reconhecimento. Assim se explica o clima de crispação por injustiça e consequentes maus ambientes de trabalho sobretudo na função pública. O facto de que quase tudo o que se dirige ao povo sai mal, em contraponto com extremo acerto nas concessões aos lobbies, gera incredulidade e intolerância. As lideranças do PSD-M vão produzir, de novo, um mau ambiente eleitoral aos seus candidatos autárquicos.

Cafôfo independente, mesmo usando um “veículo”, mais do que a oposição acomodada que não quer agarrar a oportunidade (a que gosta de regalias sem compromissos), corporiza um activo em observação pelo eleitorado que tende a lhe dar a mesma força com condescendências que muitas vezes concedeu a um PSD-M errante. As recentes sondagens dão conta que Cafôfo se está a tornar numa “reserva territorial” para os munícipes do Funchal que, no futuro, não terá influência exclusiva na capital. Mesmo com o resultado das sondagens, algum eleitorado esconde a intenção de voto contrária ao PSD-M devido aos seus maus fígados na hora da derrota. O que há de incógnita molestará mais o PSD-M. O compromisso de alterações profundas invocadas para ganhar as Regionais, não notadas até ao momento, trazem novo problema ao PSD-M. Quando menorizam as prestações de Cafôfo porque compra muita publicidade ao Diário de Notícias, fica uma pergunta usando a mesma lógica: - porque não está o PSD-M igualmente popular em iguais circunstâncias? Quando acusar, deverá ter argumentos abonatórios.


Porque definha o PSD-M? Por falta de se dar ao respeito e respeitar, de sinceridade, de sentir a dignidade das pessoas, de ideias liderantes, de valores, reputação e de ética, de rumo sem sectarismos.

Porque definha o PSD-M? Um bom político não é um instantâneo ou um protegido. Deve fazer escola desde as bases, passar por várias etapas de gestão, saber lidar com as pessoas e seus feitios; saber falar em público, em bom português; coordenar ideias de improviso; ter etiqueta, dominar protocolos, ser distinto e exemplar; capaz de gerir interesses, os tempos e os humores; lidar sinceramente com o povo sem ver um voto ou uma cor. Deve ultrapassar desafios e ter idoneidade. Não deve estar conotado em causas próprias. Quando apto, terá uma oportunidade e não um oportunismo, será governante para actuar com carisma e know-how.

O porta-voz de um partido ou de um governo não pode ser qualquer um, o espertalhão, o intragável, o vendido, o intelectualmente desonesto, o desprovido de mérito e sem pingo de vergonha, o das verdades oficiais que ferem a inteligência; o que não se prepara mas é pretensioso, julgando que engana o eleitor. Há falta de categoria e de profissionalismo.

Se os congressistas queriam ouvir falar de autárquicas, o povo queria ouvir falar de si. Ninguém saiu satisfeito. Em artigo anterior considerei 3 momentos para o PSD-M mudar, já falhou dois, quererá positiva no terceiro período?

Diário de Notícias do Funchal
Data: 28-01-2017

Página: 28
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