sábado, 30 de setembro de 2017

Psycho

sétimo dia é o Sábado do SENHOR teu Deus onde não farás nenhuma obra pois até se consagra à santa reflexão. Ámen. Para a democracia, deus é o voto pelo qual muitos lutam e acabam em pecado para a excomunhão. Finalmente os idosos metem os pés na água quente com sal, foi uma campanha extenuante. A meteorologia beneficia com este dia, alertas só albi-celestes, não se pode dizer nem laranja nem vermelho e amarelos andam todos. É dia de ensaios defronte do espelho: “- eu é que sou o “prelesidente da xunta”. Mas recebe a resposta: - aqui em casa é ditadura e vais limpar já esse espelhinho, tens o cão para lavar, a relva para cortar, … É uma felicidade ser “prelesidente”. Albert Hitchcock, mestre do suspense e do terror, escolheria estes dias para situar o epílogo do seu filme com bom argumento mas uma safra de maus actores.


Num dia dedicado à massa cinzenta, nada melhor do que ir ao dopante café, para cá da esquina do mundo no pátio das “cantigas”. Pelo argumento, está ali um senhor verde que não pode falar hoje mas um “mira” inconveniente pede justo agora “caña”. Os barmans fogem para a cozinha, as câmaras de vigilância da CNE devem ter apanhado. Ao longe aponta a coelhinha e o barman mete logo o “I want you, to be your slave” da playlist, enquanto ele suspira eu reviro os olhos para não cair na tentação e acerto no homem estátua que vai levar o recorde do Guiness, há um mês que não se mexe, está magenta que nem lagosta, porque vermelho não se pode dizer. Quem falta? Salvemo-nos do ilícito de não observar equidistância. Pela posição dos astros, concluo que ao fôfo deve ser emitida uma nota de crédito porque hoje não pode sair publicidade mas, quando o peste descobre a dentadura, arde as provas. A Bina faz tour com estrangeiros, pelo menos não contrapõem, está a falar da importância da Assembleia Regional, o E-dardo meteu cunha a ver se encerra o desfile com os inevitáveis clássicos com ele a cavalo. É hora da missa, badala a Sé, sinistro, não há folclore no adro e bem menos interessados. Em vez de entrarem, saem as fiéis a correr, a primeira a chegar ao café diz que houve um susto de morte, ainda as artroses dobravam para se sentarem na Casa do Senhor, viram um barrete esquecido no banco e saíram correndo como Usain Bolt. Milagre não foi, suspeitam de atentado. Pelo cheiro a Biofreeze, o que ajeita as pernas e desentope o nariz, há razão para o trauma. Enquanto o mundo estuda a matéria negra do Universo, neste espaço gravitacional que nos une não identifiquei o candidato que não interage com a matéria comum, se ganha não sei como vai ser. Em dia de descanso, o que falta deve estar em movimentos na terra porque amanhã é água de giro.

Mãe do Céu, porque criaste este dia? – NÃO FUI EU! Pronto, não é preciso escurecer a atmosfera nem alagar isto senão contribuis para a abstenção. Pensas que não conheço essas mensagens subliminares, estudei a psicologia dos Irmãos Dalton em Harvard, eu digo e a malta acredita, ninguém vê as habilitações como muitos por aí, doutores de receber injecções do GR. Vou ao hospital, ver se me receitam algo para abrandar isto, com a fita verde devo sair antes das 19H de amanhã. O barman, com sorriso cínico, diz que tem mais medicamentos atrás do balcão do que na farmácia do Nélio Mendonça. Foi-lhe prometido em campanha alvará de hospital privado na tasca. Anda “maldizeeeeente” para ganhar clientes, diz baixinho que agora receitam alcatrão e betão no hospital central, é o que o secretário das finanças aprova. E mais, há dias numa fractura de fémur meteram malha sol e Portland CP-I. Houve dificuldade em dar alta porque faltou o secante de betão, aguarda para tirar a cofragem. A solução surgiu de novo em castelhano desambientado, “mira se não roda vai de arrastos”, e assim foi mas, partiu a outra. O escultor do busto apareceu, diz que molda melhor a nova fractura do que a cofragem. O paciente, com pragmatismo, resolveu a alta num instante, foi visto no Trapiche 11, são e salvo.

Enquanto alguns andam desconfiados de Contrato na Hora no Ferry pós-eleitoral, outros estão apreensivos com Fairy, dizem que gota a gota dura mais do que a segunda marca mais vendida. Basta uma para lavar a loiça toda. Voltando atrás, o secretário vai de patins ou na primeira viagem? Se a malta reflecte muito enlouquece.

O passatempo dos eleitores que não votam também é ir ao café mas para fiscalizar a TV e a imprensa, a ver qual o órgão que não respeita o dia de reflexão. Não votam mas defendem a democracia. Agonio com estes exemplos de cidadania, já penso no Pináculo, se calhar deixo para depois, ainda fico preso na tabaibeira com os derrotados a me cair em cima. Falando de coisas sérias, nesta noite, em quantas camas existe um cônjuge a pensar deitar gotas para obrar na água do parceiro? Obrar foi infeliz, pode ser indicação de voto. Percebem o terror deste dia? O argumento do filme é tão intenso, por falar nisso, lá vai o barman, leva na bandeja um sorriso de campanha já esquecido, desses sem adesivo de prótese. 

Aposto que amanhã uns votam para perder e outros para ganhar, depois à noite olham mais para a garrafa de champagne do que para a caixinha que não muda os resultados. Alguns até vão dar foguetes dentro de casa para ninguém saber. Terá a Protecção Civil tudo controlado? Este cronista até escrevia umas coisas que se lia, hoje está insuportável. Estou “aterrado” mesmo com o aeroporto inoperacional, é dia de reflexão antes da ventania! Já pensou na responsabilidade de receber 5 boletins de voto? P’ra “cambra”, p’ra a assembleia “mnucipale”, p’ra “xunta”, p’ras internas e p’ra 2019? Que diacho! Vou ler o Jornal Oficial um “cadinho” porque sempre se ri. Diga a verdade, você não está “aterrado”, o povo gosta de sangue mas, participar está quieto. Fazem o crime perfeito, atiçam a carne para canhão e saem a assobiar, angélicos. Amanhã sou eu que leio as crónicas dos eleitores.

A 16 de Junho último comemorou-se o 57º aniversário do lançamento de um dos melhores filmes de Hitchcock, Psycho. Na Madeira, a Hollywood do Atlântico, a efeméride comemora-se neste fim-de-semana. Depois de tantos anos a enlouquecer e a fazer enlouquecer, a sombra do mestre do suspense e do terror está de volta. Toca a sineta, acabou o recreio, amanhã é a sério, VÁ VOTAR!



Diário de Notícias do Funchal
Data: 30-09-2017
Página: 29
Link: Psycho
Clique por favor para ampliar o recorte de imprensa:



sábado, 23 de setembro de 2017

Bienvenidos a Cuba

omos Cuba, vencidos pela fórmula “fora com os chineses” e eles lá estão no CEMA. Os cubanos processaram-nos, somos produto de uma empresa de comunicação. Enquanto povo normalizado, estamos capazes de dormitar junto à Assembleia de Voto para irromper histéricos com a abertura da porta a fim de “comprar” a última versão do iFuck.

No dicionário do Jardinismo, cubano é aquele que não tem a Madeira no coração. O partido que promoveu a ideia é agora refém de uma empresa de comunicação “cubana” (ECC) que ofende e aldraba os madeirenses. Diria, tal como Herman José sobre os programas infantis, “caramba, são putos mas não atrasados mentais”. Neste contexto, pergunta-se a Jardim, pode um madeirense ser cubano? Tínhamos os lunáticos seguidores de Passos na Madeira mas agora temos uma ECC a soldo, para dividir madeirenses e ganhar eleições a fracos candidatos. Em “bom” português, de outros tempos, o “virtuoso” Ramos diria “desanda com o Zé Vilão e enfia-lhe o Trombone no rabo, joga os cubanos pelas escadas e, esses gajos do dedo no clitóris p’ra rua falar com povo. Huum, huum, falei fino?” Quão má é a nova casta do parecer e transparecer ao ponto de ficcionarmos isto! Recorre a queixas anónimas ao MP para fabricar notícias, “aperfeiçoa” currículos, usa abusivamente os nomes e fotos com militantes credíveis para angariar votos, dispõe dos mesmos jornalistas para tratar da política e mais peças nos informativos, abalroa concentrações e instituições para emoldurar com povo na ausência de mobilização. Só falta a “concertação” de sondagens para criar onda. Nesta semana houve a cereja no topo do bolo, na actualidade informativa estava a TV 7 Dias, a candidata sai a cortar o bolo de aniversário da boda do ex-presidente. Se casou em 1948 e está no bolo o número 48, dá 2016 e estamos na santa era do Senhor de 2017. A candidata já pulou de lado? Que bela sondagem.

Quem queimou delfins e gerações qualificadas para a política se soçobra com esta até parece ironia, como a dos chineses e a dos cubanos. Matar mérito é fatal. Um partido charneira assim é um atentado ao povo. Acabe-se a institucionalização do Trumpismo na região onde já vagueiam Barbies a mais e políticos a menos. Sem qualquer machismo, pelo contrário, pela valorização do papel da mulher na política, culta e apta, numa paridade que rejeita ser troféu de falo decadente na crise da idade e que baixa o nível da discussão política à razão de um Diesel & Bloom, autor do “bebida e mulheres”, um pecador por defeito. Este ambiente da porca política pode dar jeito para afugentar os melhores mas diz bem do carácter e qualidade de alguns líderes.

Quando no horizonte se projectam astutamente alianças dos que dependem do poder, eis uma questão pertinente, os militantes de qualquer partido são trapos nas mãos de líderes maquiavélicos da porca política? “Lutam” uns contra os outros defendendo acerrimamente posições, incompatibilizam-se e depois são jogados e ostracizados pelos generais que se põem a jeito de nunca perder o pé no poder com uniões de facto de tremenda lata? Povo e militantes, abram os olhos. Escolham gente decente. Quem trai não é futuro.

A campanha suja prova em quem não votar, pelos métodos quando ainda são apenas candidatos.
Não temos nesta Cuba da placa africana divisões de ordem racial, étnica, religiosa, cultural, etc, porque haveríamos de pôr madeirenses contra madeirenses em clivagens da porca política onde as discussões nem são ideológicas, mas basicamente entre aqueles que querem para si e os que querem para todos? Estão a situar a política no mesmo problema do futebol, umas claques com mania de más afugentam as famílias, depois têm de oferecem bilhetes para o jogo parecer eclético e uma escola de virtudes. Aquela do clube com 107 anos a promover uma superestrela secreta na festa, uma candidata, é não respeitar os encarregados de educação e sócios, uma prova da promiscuidade total do futebol com a política.


Somos Cuba, sem furacões mas com “furacães” lutando pelo privilégio do mesmo osso. Os que instituem o apartheid político pelos pequeninos e exclusivos “os nossos”, incapazes de perceber a dimensão da política e a sua finalidade neste Partido Sem Discernimento. Vale a pena modificar a essência deste povo que nos piores momentos venceu, unido, catástrofes e infortúnios com solidariedade?

Espero que este Povo Superior, com medo de perder a pobreza, não se satisfaça com a garrafa de vinho, cabaz de compras, voltinha de autocarro e de catamaran, jantar frio, pelo momento de glória junto do Jet7 durante um mês. Precisamos de um povo emancipado, de eleitores lúcidos que não se vendem por bugigangas para entregar 4 anos de mando à porca política. Chega de fingir e aspergir suspeitas para esconder pecados capitais. Quando atingirmos uma sociedade de ofensa, “brincamos” à porrada? Estamos num exemplo perfeito do porquê da humanidade cometer os mesmos erros ciclicamente. Não ligam nem valorizam a história e o legado. O povo eleitor tem de meter ordem na porca política, nunca será convidado para o banquete.

Alinhados pelo “depois de mim o caos”, estamos na exacta falha tectónica da congénere nacional que separa o interesse dos cidadãos dos dependentes da política. Ao colocar madeirenses contra madeirenses e até militantes contra militantes, o Partido Sem Discernimento, por ligações tenebrosas, seduz pela estupidez da graçola fácil para apanhar incautos. A política não pode deixar de ter uma solução para a sociedade, o poder por consanguinidade está a produzir deficientes e deficiências numa necessidade que tolda as cabeças. A política não é profissão, por isso conjecturam para se salvar com a infernal máquina erário-dependente.

Que bordillo! Me voy a fumar un Puro de "Patria o muerte! "Los hombres mueren, el Partido es inmortal". "El que necesita las armas es el imperialismo, porque está huérfano de ideas". "Condename, no importa. La historia me absolverá". E eu nem revolucionário sou! Como diria António Fontes, o “anti-Fidel” nas Autárquicas de 2013, também agora, “vote com a horta no lugar”, o expositor de legumes é o mesmo. Vamos perder o medo, tal como na República, a única coisa que pode acontecer de errado é nos correr bem melhor, longe destes caminhos únicos trilhados só para o poder. Acorde, a ECC a soldo, que não tem a Madeira no coração, está a instituir o pior do que há aqui e no mundo no cantinho do céu.



Diário de Notícias do Funchal
Data: 23-09-2017
Página: 29
Link: Bienvenidos a Cuba
Clique por favor para ampliar o recorte de imprensa:

sábado, 16 de setembro de 2017

Pré-campanha "Mediaval"

oderna nos meios, medieval na forma. Na próxima Terça-feira, arranca a campanha eleitoral das Autárquicas 2017, é altura de analisar a pré-campanha, foi do mais baixo que se viu até hoje. Os debates na TV provocam abstenção porque defraudam os eleitores. O formato do programa tem gente a mais para tempo a menos. A mesma pergunta não passando por todos os candidatos impede a comparação e a avaliação do mais bem preparado. Além disso, o tempo de intervenção é curto para estruturar e transmitir uma ideia fundamentada, muitas vezes sabotada por interferências dos adversários. É um formato que permite a vitória de quem faz “ruído” com piadas, sobretudo com um jogo de volumes de micro jeitosos. A contínua necessidade de achegas dos candidatos é prova de que a mesma pergunta deve rodar por todos para que o programa tenha fio condutor em vez de ser questionário anarca. O formato “arrefece” o debate porque cada candidato espera muito para voltar a intervir. Um programa entre os dois principais candidatos exige-se para haver realmente um debate.


Jorge Manuel dos Santos (PCTP-MRPP): where is Wally? Roberto Vieira (Nova Mudança): é duvidoso sair de um mandato da Coligação Mudança, há algumas semanas, para avançar com uma candidatura Nova Mudança, atirando ideias que não implementou e denegrindo no que participou. O melhor de dois mundos.

Artur Andrade/ Estratégia: não se vislumbra. Prós: a sua actividade profissional e mandato na CMF capacita-o para interpretar legalmente as políticas e construir um argumentário pedagógico interessante, naturalmente posicionado na sua ideologia. Contra: ausência na pré-campanha, só agora dá sinais de vida mas falha debates. O sigilo profissional em muitas ocasiões emudece-o no cumprimento do mandato na CMF. Falta energia ao candidato para evitar a ideia de estar a cumprir calendário.

Raquel Coelho/ Estratégia: marcar o ponto para o PTP na maior autarquia da região, lutando pelo melhor resultado possível com escassos recursos. Aposta na construção de uma nova imagem. Prós: tacitamente assume que o circo cansou e procura outra postura e argumentos políticos abonatórios. Sem medo e persistente, tem fibra para construir carisma e assim garantir que a denúncia não perderá lugar na democracia regional. Contra: falta de equipa e mobilização. Probabilidade de recaída por natureza e más influências.

Gil Canha/ Estratégia: comunicação estruturada da denúncia sobre situações na CMF. Aposta tudo em ter voz enquanto vereador para prosseguir a acérrima contraposição. Prós: pessoa inteligente, culta, vivida e pertinente. Mais recortado para um bom parlamentar, quando não irritado, produz textos deliciosos com substância. Contra: a impetuosidade e o contínuo alimentar da ideia de que não resolveu o diferendo com Cafôfo provocam um “mute” no eleitorado que não gosta de política persecutória. O eleitorado não entende, depois da luta contra o Jardinismo, o favorecimento tácito a um sucedâneo pior e que não dá mostras de competência. Não deve confiar em demasia nos seus dotes intelectuais para improvisar, pois perde-se. A forma como terminou o PND é um registo que o enfraquece para debater gestão. Uma autoavaliação a realizar: como encara o eleitorado a minha capacidade para gerir pessoas sendo tão fogoso?

Rui Barreto/ Estratégia: começou por conceber as autárquicas com uma possibilidade de aliar-se ao PSD, hesitou com a permanência da tendência das sondagens, moderou o discurso e aparenta equidistância, começa a falar contra o PSD e este a qualquer hora lhe fará uma visita. Prós: tem melhorado a sua performance com o evoluir da pré-campanha e tem feito propostas. Não acompanha a miserável diabolização que absorve o que de positivo se diz e que provoca o afastamento do eleitorado da porca política. Pode conquistar votos do PSD que migram para Cafôfo. Contra: a forma como ganhou o partido colocam-no no mesmo impasse do PSD-M, está a gerir uma fracção da lotaria com uma esteira de desconfianças, o que funciona como referência de atitude para novas situações.

Rubina Leal/ Estratégia: diabolizar Cafôfo para distrair o eleitorado sobre as fragilidades programáticas da sua candidatura, as divisões no seio do PSD e da Renovação e branquear a coresponsabilidade na situação financeira da CMF. Evitar a presença de figuras polémicas da Renovação. Prós: boa gestora do submundo e dos interesses, capacidade de “entalar” apoios a seu favor. Excelente a fazer “ruído” e a transmitir ideias com convicção mesmo que frágeis ou erradas. Contra: a diabolização não é estratégia de um partido liderante e menoriza a candidatura. A proliferação de páginas de Facebook de campanha suja que a beneficiam nunca lhe mereceram um reparo ético que a dignifique. Não renova a imagem geral do PSD Madeira, um partido ardiloso e cheio de truques, muitas vezes baixos, e que retiram a eficácia da mensagem porque os eleitores querem sinceridade. Enquanto candidata oriunda de um governo que ostracizou a CMF, soa a falso o uso de “leal” com o Funchal e seus munícipes. Dificuldade em lidar com ambientes não preparados pela sua máquina. Tem uma campanha eleitoral desorganizada como nunca se viu no PSD-M. As acusações de incompetência na CMF colide com o facto de ter sido “general” de um governo com esse exacto epíteto e que destrata os funcionários públicos para instalar a Renovação. O que fará na CMF? Salientar jardins descuidados sendo do partido que arrancou as buganvílias das ribeiras é um exemplo de demagogia numa torrente delas.

Paulo Cafôfo/ Estratégia: ignorar as críticas e seguir o seu caminho sem responder a todos contra si, concentrado em passar a sua mensagem. Campeão do porta-a-porta, principal razão da empatia e popularidade. Seu maior desafio na estratégia é replicar os votos recebidos dos social-democratas nas últimas autárquicas. Prós: a popularidade e o autodomínio na contrariedade. Promotor de elevação na campanha eleitoral por não aderir à maledicência nem responder. Tem trunfos capazes de limpar o PSD Madeira do mapa, de 3 um, o seu autodomínio não o fez premir o “botão”, não tem consciência do que tem em mãos ou não vai usar. Continua independente e capaz de receber votos de qualquer quadrante político. Contra: não responder a algumas acusações, esquecendo-se de que o eleitorado não vive a sua experiência e não tem a sua informação. A incidência e insistência de acusações sobre si poderão estar a acumular uma imagem, na base do “quem cala consente”. Tem dificuldade em interpretar sinais de social-democratas. Enaltecendo o “Zen”, não esquecer que também há lugar para murros na mesa. Já deveria ter sanado a politização do ambiente na CMF e explicado aos funcionários a influência do PAEL no seu mandato. A autoconfiança, autodomínio e preparação não devem degenerar em soberba. A proliferação de candidaturas e a abstenção não o beneficiam.

Nota final: a coordenação da política suja e a estratégia de poder (comungada por alguns candidatos), supervisionada por uma empresa de comunicação, é um insulto aos interesses dos eleitores.



Diário de Notícias do Funchal
Data: 16-09-2017
Página: 29
Link: Pré-campanha "Mediaval"
Clique por favor para ampliar o recorte de imprensa:

sábado, 9 de setembro de 2017

Obsolescência programada

o facto de lhe venderem um produto xpto, programado para avariar ou desactualizar e você ter de comprar outro, um estímulo às vendas associado ao marketing. Não é um exclusivo dos produtos, os empresários do sistema fazem-no com políticos. Alguns são as duas coisas, o político alimenta o empresário. Estes ficam com o lucro, os políticos com um pé-de-meia e o eleitor com o ónus. Vão embrulhados num upgrade de discurso e você vota fidelizado à “marca”. Confirma que existe isto na Madeira?

Trump tinha como programa eleitoral dizer mal dos seus adversários, com ideias e análises pueris, compromissos inexequíveis e capacidade para entreter os média com escandaleira. Trump, errante, colocou os focos da suspeição em Hilary e, com uma campanha suja tornou-a pior do que ele. As acusações foram graves mas sem consequência. Repetiu um autoelogio doentio e mimava os eleitores, os maiores do mundo dentro do muro mental. Tinha um ódio doentio à comunicação social acusando-a de tendenciosa. Ganhou o poder e neste trecho de mandato já se viu que os média tinham razão. A milionária campanha, com dinheiro seu e de outros empresários necessitados, alcançou uma conjuntura favorável, “desassinaram” o Acordo de Paris e pouco se importam se caem trombas de água pois vendem para a reconstrução. Trump usou pessoas necessitadas e menos esclarecidas para encher salas, ganhando um apoio vibrante nos discursos de sangue para uma justiça parola. Os estrategas das outras campanhas julgaram que o eleitorado distinguia o trigo do joio mas escolheu joio porque não tinha acesso à mesma informação, os fracos sucumbiram à ilusão. O entretainer ganhou, o mundo levou mãos à cabeça pela adição de mais um louco na ementa mundial. O planeta ficou pior e explosivo, a América absurda com americanos contra americanos. Trump continua a dividir para reinar, para si e os seus apoiantes magnatas que fazem rodar muitos no seu gabinete assim que desalinham. Das asneiras não materializáveis proferidas em campanha já ninguém se lembra, foram uma obsolescência programada para um poder duradouro. Parece-lhe familiar a estratégia de Trump, a efervescência populista que deixa todos a brigar sem vermos programas eleitorais?

A política anda a abusar do sonho madeirense como Trump do sonho americano. Curioso que até temos uma saúde pública que promove a necessidade das clínicas privadas, estão a abolir o Obamacare madeirense? O Diário de Notícias é tendencioso com 19 opinadores mensais do PSD, no entanto, o Cafôfo não diz “Libertem o DN” nem toca no ruinoso negócio onde o GR quer absorver muitos dos funcionários do JM para justificar o tacho de um candidato.



Os mentores do Trumpismo regional usam e alimentam o ego das gerações oriundas da birra na montra (a quem se deu liberdade e confundiram com libertinagem e desrespeito), da disputa das marcas para ser alguém nas tribos e nos gangs, a geração do nariz empinado, de ausência de sim senhor(a) e não senhor(a), as de convívio imperturbável no passeio que te lançam para a estrada, as de um quarto de palavra do SMS e das redes sociais que são assessores sem dominar o português. Seguem exemplos de sucesso de alguns canalhas com obsolescência programada. Kim Jong-un, o provocador dos mísseis, não será da mesma estirpe dos publicadores de cartoons do PSD? A vontade de destruir por glória sem mérito é clara. Serenem, o achamento não é o Big Bang nem fiquem horrorizados por este momento sem tabus, sei que a massa é polvilhada por raridades que são esperança e orgulho. Outras gerações precederam, a do flower power, do hambúrguer, a rasca e sobreviveram aos epítetos necessários ao crescimento intelectual e humano. Não sou psicólogo para arranjar doenças que disfarcem as insuficiências da educação em casa e da formação no partido. Que esperar da geração do ruído em loop e das estrelas cavernícolas que ficam horrorizados com música clássica, qual Água Benta a cair no Diabo, esse tão esperado para dar futuro? Parece que compareceu na árvore do Monte em momento religioso, uma alegria para quem só vê e aspira uma viragem política pouco se importando com a dor. Escusam de ser hipócritas, vimos 3 secretários a rir numa Missa de 7º dia. Há demasiados acicatados pelos mentores abjectos das Universidades de Verão que programam obsolescência. O sucesso fácil, sem valores que joga em todos os tabuleiros. Se tudo isto existe na Madeira, enfrentaremos os mesmos resultados de outros sítios!

Onde anda o apoio das grandes figuras que estiveram na génese da Renovação? Não fazem campanha? Têm vergonha dela tão suja? Dão mau nome? Escudam-se de um desaire eleitoral? Jogam em todos os tabuleiros? Não conquistam votos mas têm estatuto e estimam o poder? Não há marketing que resolva esta obsolescência que falha na qualidade política e humana. Os candidatos autárquicos provêm de um governo desacreditado que traz a ameaça com pedras soltas depois dos açudes na Ribeira de São João, o que vendeu produtos tóxicos do Banif, a que colaborou em 100 milhões levados pelo mar que quase paga duas vezes toda a dívida da CMF. O 7º Desejo, o blockbuster da lista cinematográfica, é um sofrível filme (Wish Upon) deste Verão. Uma caixa de música concede desejos de popularidade que resultam em tragédias pelo uso abusivo das redes sociais. As mortes vão sucedendo e condenando a futilidade do jovem americano. É-lhe familiar?

Depois das palavras fortes das últimas regionais estamos nisto, o povo imunizou-se. Depois de destratar tanta gente, as pessoas estão em alerta com os carinhos. Depois de uma mão cheia de nada, esperneia-se na recta final para mostrar serviço, o povo está descrente. O maldizer que o PSD Madeira trouxe para as autárquicas é prenúncio do que vai suceder, em breve, no seu interior em hora de desafiar a liderança. Quem agora ri com a promoção da política suja que aguarde pela bolina das internas, receberá o que ensinaram aos mancebos. Quando chegar a racionalidade perceberão que destruíram uma escola política, trocando-a por uma insustentável falta de mérito que semeia na sociedade ódios insanáveis. É a falta de qualidade dos líderes. O PSD Madeira deixou de ser charneira e líder de desígnios, projectos, causas e valores, assaltado pela mediocridade e desfocado do povo. Aguardemos para ver o que significa a moderação e o silêncio, um acto de inteligência.

Leia p. f. este artigo de Pacheco Pereira. É-lhe familiar? http://www.sabado.pt/opiniao/detalhe/um-partido-sitiado



Diário de Notícias do Funchal
Data: 09-09-2017
Página: 27
Link: Obsolescência programada
Clique por favor para ampliar o recorte de imprensa:

sábado, 2 de setembro de 2017

Debate em monólogo



20 de Fevereiro foi a derradeira machadada na resistência de muitos empresários que agonizavam na crise do comércio local depois da profusão de Centros Comerciais, Lojas Chinesas e falta de poder de compra mas, na Primavera seguinte, quase um ano antes do pedido de resgate de Portugal no governo de José Sócrates, novos contratempos surgiram. Os empresários começaram a experimentar situações incompreensíveis com a banca e com os seguros de crédito que garantiam os pagamentos aos seus fornecedores. Viram os seus seguros de crédito reduzidos ou anulados e os bancos a solicitar a calendarização do abate das contas correntes caucionadas, extinguindo-se instrumentos de gestão na pior altura. Apesar de algum movimento no mercado promovido pela “reconstrução” paga pelos seguros (Lei de Meios só para “lobos”), no final de 2010 a situação era ingovernável e de desconfiança. Na política nacional sucediam-se os PECs que, quando aprovados, já estavam aquém das necessidades do país. Bancos e companhias de seguro, depois de lucrar com a dívida nacional, fogem à exposição da catástrofe por posse de informação privilegiada, acelerando a queda do país, das empresas e seus empresários, dos trabalhadores/ contribuintes que depois viriam a ser chamados para os salvar. Irónico.

2010 teve o défice mais alto de sempre nas contas públicas, um saldo negativo de 11,2% do PIB. Na Primavera de 2011, dá-se a falência do país e na Madeira surge uma nova surpresa. Também entra em insolvência com uma dívida escondida. Os empresários da Madeira começam a perceber o motivo dos prazos de pagamento serem incomportavelmente dilatados na Região. O Governo Regional (GR) e muitas câmaras incrementam, por eleitoralismo, o efeito de contágio aos players comuns do mercado. Os custos fixos inadiáveis determinam a austeridade, as empresas começam a cortar, o flagelo do desemprego agudiza e o Funchal é cada vez mais dominado por aquele cheiro do 20 de Fevereiro e por montras “decoradas” com papel de jornal. Assistimos a casos impensáveis, ainda assim, todo esse tempo agudo foi vivido com resiliência e paz social. Contudo, repararam os bens materiais mas muitas vidas ainda penam em silêncio. Apresentar obra é também um acto responsável para com os outros. Muitos empresários que outrora fizeram uma cidade aprazível pelo comércio “jazem” ignorados por um poder avesso a reconhecer a catástrofe que provocou. São marginalizados por não terem fugido às responsabilidades como os que gozaram do privilégio da informação antes do tempo ou de unilateralmente decidirem em seu benefício. Não tiveram direito a subsídio de desemprego apesar de descontarem, não tiveram dignidade no mais básico, foram ofendidos e enxovalhados pelo fisco ou pelos agentes de execução, alguns em conluio para realizar vendas aos privilegiados de sempre, tornando-os “grandes latifundiários urbanos”. Vencem os que nunca arriscam, sustentados pelo erário público.



A reabilitação do Funchal depende da economia, livre e ponderada que assegure o sucesso ao maior número de empresários para criar diversidade de áreas numa cidade que corresponda às necessidades dos cidadãos e lhes fixe residência. A economia é a força motriz que distribui rendimentos e elimina montras com papel de jornal, edifícios devolutos e recantos conspurcados que se evitam. É a força que dilata a dimensão da baixa da cidade. Somos, em toda a ilha, um quarto de milhão de habitantes. Uma cidade é auto suficiente a partir de um milhão porque assegura uma variedade de venda de produtos e serviços em plena simbiose com as necessidades, aliado a um poder de compra que sustenta o mercado. A Madeira tem cidades fruto da política, sem um tecido urbano pujante. As cidades mais vivas e bonitas que conheço não caíram na macrocefalia dos centros comerciais apesar de terem inteligentemente feito centros comerciais a céu aberto, colocando por rua ou zona aquilo que mais cativa os clientes a entrar num comum centro comercial, a comodidade, tanto para o cliente como para o comerciante. É evidente que numa cidade antiga como o Funchal não temos as condições ideais, mas podemos torná-la numa singularidade atraente. A frenética Amesterdão de ruas estreitas, de edifícios exíguos, tortos e velhos não os deita ao chão, mantém a fachada e junta os interiores. Veneza é outra singularidade. Uma cidade atraente é a que torna um turista contemplativo num cliente que compra para deixarmos de ser um quarto de milhão.

Coadjuvados por associações empresariais que servem a ditadura económica da Madeira temos produzido macrocefalia e limitação de oportunidades. Não conheço cidades saudáveis na mão de meia dúzia, o sucesso está em derramar as oportunidades num ambiente multifacetado e multicultural, aderindo à globalização. Por instrumentos legais recentes e pelo turismo que vinca memórias, somos opção para um calmo desfrutar de vida de um considerável número de pensionistas da Europa, uma razão mais para zelarmos pela qualidade dos serviços de saúde e promover um comércio que forneça as necessidades de outras paragens. 

O debate é urgente numa cidade de muitas portas fechadas, a campanha não serve para insultar, enlamear, recontar, adulterar, fingir, fotografar. Fortes homens e mulheres que querem governar mas incapazes de usar argumentos em debates públicos. Porventura disfarçam o medo de, mais cedo ou mais tarde, os seus nomes soarem como responsáveis directos ou indirectos pela situação da cidade do Funchal.


A cidade não resulta de 4 anos de Cafôfo mas de um marcante evento climatérico extremo e, sobretudo, de catástrofes económico-financeiras que se abateram sobre os cidadãos e empresários de um município falido que subscreveu, no mandato anterior, as condições de gestão impostas pelo PAEL (Programa de Apoio à Economia Local), reflectidas na gestão de Cafôfo, realçando-se que dos 29 milhões de Euros de facturas em atraso submetidas, 21 milhões foram para empresas do GR. Apoio à Economia Local? Apenas no início do corrente ano a CMF se livrou do PAEL, diria que Cafôfo só teve um ano de mandato. Este município tão apetecido e busílis político foi berço de uma Quinta Vigia incapaz de produzir qualquer contrato programa com a CMF até ao momento mas, teve como boa vontade da Câmara, ora Confiança, a transferência de mais dinheiro para o conjunto das 5 juntas do PSD do que para as suas. Uma grande diferença de atitudes e critérios. Como acreditar em sentimentos sinceros de lealdade por estes munícipes funchalenses com a agravante da economia regional ser condicionada por um autómato financeiro ultra liberal que professa as ideias de Passos Coelho e Maria Luís no seio do lobismo? Será por tudo isto que Cafôfo, o careca diabolizado, escolheu o slogan “Pelas Pessoas” e a principal opositora sente necessidade de ser “Leal”?



Diário de Notícias do Funchal
Data: 02-09-2017
Página: 24
Link: Debate em monólogo
Clique por favor para ampliar o recorte de imprensa: