domingo, 21 de janeiro de 2018

Semana vista por: Carlos Vares

Boas notícias:

Emanuel Câmara vs Paulo Cafôfo: é tempo da democracia ter duas opções credíveis nas Regionais, essência da alternância. Que disputem o Governo Regional e não um lugar na ALR. Aguardamos por substância, qualidade profissional e humana. Se Carlos Pereira foi sincero, o clima no PS ficará sanado, será um secretariável. É tempo do PS-M provar que amadureceu e ensinar ao PSD-M que não se desperdiçam militantes, quadros e conhecimento nem se governa com mancebos.

Centeno: arrancou sob suspeição com ar desingonçado na Geringonça, mostrou resultados, deu confiança e tornou-se alicerce da imagem da governação na República. Foi reconhecido como o Ronaldo das finanças entre seus congéneres da Europa. O cargo de Presidente do Eurogrupo fortalece Portugal: traz a responsabilidade de dar o exemplo que atenua radicalismos e despesismos, o respeito que gera autoridade para negociar melhores taxas de juro e a prova de que no Ministério há equipa.

Rui Rio: incomparavelmente melhor do que Passos. Santana, por alguma razão, era o desejado pelos socialistas. As primeiras sondagens são negativas, o PSD continua a descer. Conseguirá limpar a estupidez e a desumanidade Passista? Tem argumentos para contrariar uma governação de sucesso? Como vão os eleitores deixar o certo para votar numa aposta que não sabem o que traz?


Más notícias:

Pedro Calado: o elogio exagerado e gratuito sobre o estado da saúde na região deprecia a sua imagem junto do povo que vive os “dramas”. Falha de comunicação é isto! Na Quinta Vigia não se faz melhor, as recepções aos profissionais da saúde visam conquistar a graça destes e ignorar o sofrimento dos utentes? Estão a polir o topo do iceberg.

O poder económico e de decisão na Madeira está concentrado na mão de alguns não-eleitos que decidem pelos governantes a corte de alfaiate. A separação de poderes na Madeira é a união na poncha. A cunha mantém-se, os concursos à medida existem mas o que está a dar é o ajuste directo, peças da máquina da promiscuidade que minam a qualidade e o futuro. O contencioso tributário aumentou 300%, acaso são das facturas coladas no tecto pelo GR em bola de neve pela economia? Em quanto aumentou as condenações a quem fez dívida no GR? Não se conhece "grave stress" nalguns protegidos.

Demografia: universidades estrangeiras vêm recrutar alunos à Madeira, tornam-nos cidadãos do mundo “absolvidos” da certa subjugação à meia dúzia atrás referida na hora do emprego. Mas, e a demografia, a população activa, a massa crítica e o conhecimento? Raramente voltam. Se a Madeira continuar a dar oportunidades aos mesmos, tornar-se-á uma ilha privada.

Diário de Notícias do Funchal
Data: 21-01-2018
Página: 29
A semana vista por Carlos Vares
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sábado, 11 de novembro de 2017

Abreu dá cá o meu

mbuídos de espírito “peste grisalha”, num tempo considerado seu e não de todos, os mentores da Reconversão (ex Renovação) que só se preocuparam em obter fidelidade canina em vez de vocação para governar foram à “parede”. Na avidez por emprego e poder, a Reconversão recebeu por lição que para governar não se leva amigos, Jet7, vendidos, jogadores, incompetentes e idiotas mas valências e valores. Não há outra maneira de governar com responsabilidade para 254.000 madeirenses.

Como consequência, está plasmado no artigo 2 (Presidência do Governo) e 3 (Vice-Presidência do Governo) do Decreto Regulamentar Regional n.º 13/2017/M, de 7 de Novembro, a organização e funcionamento do XII Governo Regional da Madeira, resultado de dois anos e meio de governação subjugada a interesses, numa privatização pós democrática, quando acabamos de sair de umas eleições onde muito se tentou comprar para se acabar comprado.

A infestação do PSD-M que atingiu todo o Governo Regional ainda vai no adro, com a copiosa derrota alguns perceberam que os cargos políticos não dão vínculo à Administração Pública. Se o Jornal Oficial promovia o humor negro, esperem pelo breu que resultará dos concursos finamente recortados que consumarão a “política de emprego” deste Governo que só baixa por emigração. O povo da Madeira será outra vez sustento de uma nova vaga de inúteis que esmagam com má fama outros funcionários públicos de excelente qualidade, tudo isto no requinte de um melhor vencimento, em ambiente aprazível e sem a falta de condições que muitos sentem. Não bastando, ainda se tornam PTC, Políticos Trem de Cozinha, pelo multi-tacho.

A animação prossegue com meia bola e força ao abrigo do artigo 2, um presidente com tempo entretém-se a mandar bocas em visitas ocupacionais sem trabalho feito. Uma forma de exorcizar o “Jardim” zoológico que está a engolir enquanto a “sombra” une os cacos que a ora caricatura das internas provocou, para um PSD-M competitivo em 2019. Ainda assim, a sombra não navega por vagas procelosas e o caos incrementa mais injustiças profissionais, mais revoltas pessoais e novos atónitos pela falta de mãos calosas. Valha-nos a era de Vices titânicos que, de lados opostos, e desde a sala das máquinas, observam e rezam para que os comandantes não rumem ao iceberg.



Culpas? Não é exclusivo dos líderes do PSD-M em suporte de vida. Depois do pró-forma dos aparelhos partidários, onde os militantes se encolhem e deixam andar em busca da graça que lhes pode garantir uma benesse, os nossos políticos/ governantes não estão habituados a ser verdadeiramente escrutinados pela opinião pública e pelos órgãos de informação. O regional porreirismo deve acabar, cada um faria o seu trabalho bem e no fim venceria o mérito e não a trapaça.
É momento para um acto de contrição da comunicação social, tamanha barraca na governação só significa que fizeram como muitos militantes e a ALR, deixa andar. Quando o tempo é de formação de opinião, surgem jornalistas com perguntas simpáticas ou entrevistas macias em ambiente de salmoura, deixando escapar o fulcral para esclarecimento e análise do agente político pelas massas. Há jornalistas que gostam de estar em graça e esquecem-se da sua responsabilidade e deontologia quando se decide o futuro colectivo. Alguns são a garantia do sucesso de quem responde para um dia serem lembrados no “el dorado” enquanto assessores de imprensa ou nomeados para um tacho. Sem escrutínio, o jornalismo subserviente ou intermitente fomenta maus políticos também pelo que se escreve aqui e só desce a guarda quando chamado para outras tarefas, enquanto prémio à bajulação, à omissão, ao calculismo, ao formato conveniente e ao elogio gratuito acompanhado pelo jeito de descredibilizar quem fala a verdade. As diversas ditaduras da nossa região são concedidas e não conquistadas pelos prevaricadores, aos jornalistas também cabe zelar pela saúde da democracia nos intervalos das eleições. É nesta constante “impunidade” sem escrutínio que temos cada vez piores políticos habituados a “dar a volta”. O jornalismo à la carte é como a caridade, dá palco a políticos como a tias e tios de bem.

A ira que muitas vezes se levanta contra o Diário quiçá seja indicador do incómodo da exigência, da idoneidade e da observação pertinente, por muito que isto custe a alguns. O erro do Diário, não raras vezes, é de perante o pandemónio total gerado pelo colapso moral da política tentar ser moderador de exageros, destrinçando o que é foguetório do que é informação. A completa politização do ambiente regional gera atritos que atentam à paz social, fomentando o descrédito quase total da classe política. O que fazer? Atirar a sociedade ao lume da Inquisição? Felizmente e por enquanto, no Diário não se toma conta da administração para colocar o “comentador” conveniente, ignorando os (e)leitores para insistir no erro. É lembrar o que acaba de suceder ao governo eleito desta região quando houver arrufes.

Os jornalistas não se sentem desrespeitados por permitir atentados à sua inteligência? Não lhes ferve os bofes quando observam a falta de elevação nos debates onde se abalroam ideias e tempos de intervenção por parte de medíocres investidos de políticos? Que raio de entrevistas são aquelas onde a sobreposição de vozes são ruído e a brejeirice segue em crescendo para o zapping? Não será um formato que leva um mau político a vencer com graçolas e interrupções para não permitir que a mensagem seja divulgada de forma séria? A comunicação que caiu a pique até chegar aos vis cartoons e fotos ao estilo rede social não é uma substituição do programa eleitoral? Chegaremos à política em banda desenhada? É interessante observar como quase todo o eleitorado se apercebe destas tentativas de situar o momento no não debate para evitar risco, de martelar a realidade, executar um branqueamento ou empolar um candidato. Políticos e alguns jornalistas ficam convencidos que lhes corre bem o porreirismo sem polémicas, como se fosse esse o objectivo mas, a maioria do povo topa.

Se na Madeira houvesse mérito em competição, os resultados seriam diferentes e justos. A ilha mata-se alegremente, demográfica, económica e financeiramente. A liberdade regenera, a concentração elimina. O madeirense está paulatinamente a permitir a sua escravidão com um governo já refém.



Diário de Notícias do Funchal
Data: 11-11-2017
Página: 29
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sábado, 4 de novembro de 2017

Sudoku


 política madeirense é um Sudoku de difícil solução, tem por prémio o acesso à zona de conforto do erário público. A prostituição política é opção para chegar ao objectivo, os mesmos protagonistas são capazes de estar em posições antagónicas que depois se agrupam noutros interesses e novas coligações, sem deixar as primitivas, pendentes de humores, egos e sobretudo “compras”. Grande orgia de argumentações nas bocas erradas! O narcisismo comanda a política “profissional” que não serve os interesses dos madeirenses, acagaçados com as receitas fiscais a cair, empréstimos a surgir e obras anunciadas. A fórmula da dívida regressa para os nervosos privilegiados do sistema que só estão calmos e dão conselhos presos à teta.

A Reconversão, ex Renovação, rendeu-se ao Jardinismo enquanto opção para tentar perdurar, usando ídolos e argumentações passadas nas sessões psiquiátricas que medeiam a derrota pesada e a compensação dos derrotados. As guerras internas regionais são hoje uma paródia que se disfarça com as internas nacionais onde dois candidatos veneram Passos e misturam os desavindos regionais invocando Francisco Sá Carneiro, a antítese da veneração. A cabeça de lista da ex Renovação, que rasgou o passado e o legado na última eleição à Assembleia da República, é mandatária do candidato nacional que pede o regresso do PSD às origens, ao PPD de Sá Carneiro. Citemos o Chico, peste com anedotas intemporais, cruéis nos nossos dias:

“O papel da comunicação social é o de uma força independente que tem de se aferir por critérios de verdade e de serviço julgados em liberdade pelos profissionais da imprensa”. Mau, mau! Ofereceram o JM para fazer o mesmo?

O nosso Povo tem sempre correspondido nas alturas de crise. As elites, as chamadas elites, é que quase sempre o traíram, e nós estamos a ver mais uma vez que o Povo Português foi defraudado da sua boa-fé”. Chico, partes a loiça toda!

 “Não há nada que pague a sinceridade na acção política, como em tudo. A paz engloba a justiça social”. Teu partido na Madeira vai com 32% de pobres e outros 32% a caminho com mais de 30 anos de investimento da UE que enriqueceu alguns.

“O Povo está farto de desordem, de anarquia e de projectos utópicos que o matarão à míngua”. Ó diabo!?

“Sempre que há concentração de poderes abre-se a porta ao autoritarismo, precursor da ditadura, aniquiladora das liberdades”. Tiro no porta-aviões!
“O fim principal do poder político é o serviço da pessoa. O Estado está ao serviço da pessoa”. Mortal, estás vivo!

“A igualdade de oportunidades, independentemente dos meios de fortuna e da posição social, é cada vez mais um mito, designadamente em sectores como a saúde, a habitação e o ensino, onde tudo se degrada a um ritmo alucinante”. Chico, “fumas”?

“Há que impor uma disciplina de actuação ao poder económico e dos investimentos, para que ele seja feito em proveito de todos nós e não apenas para os detentores desse poder”. Perseguição política, comuna!

“O PPD nunca foi um partido de patrões (...). Desde o início tivemos a adesão de larga camada de trabalhadores que se têm multiplicado na sua acção de implantação do partido”. Doloroso, preso na braguilha.

“Nós, Partido Social Democrata, não temos qualquer afinidade com as forças de direita, nós não somos nem seremos nunca uma força de direita”. Dizem que se destrói por dentro!
“Interessa que não haja elitismo nem classismo de qualquer espécie no ensino não estatal. Nesse sentido a actividade fiscalizadora do sector público terá de ser cuidadosa”. Citação para constar nas turmas públicas de elite dos predestinados da Madeira.
Com este stand-up comedy as imagens de Sá Carneiro vão chorar, de riso ou sofrimento? “O socialismo democrático, na Europa, enraíza na ética cristã, no humanismo e na filosofia clássica”, vai daí, uma onda Jardinista copulou a Renovação e suspeito de sexo oral, andam politicamente Calados enquanto uns eriçados de “conversa fiada” são vistos como subordinados da política da qual estavam contra, razão que os fez ganhar em 2015. A geral, de chamada, vai chegando a todos os recantos do ora lembrado PPD num asqueroso entusiasmo que se esquece do planalto revolto com mutilados da crise, os que pagam os calotes com desemprego, falências, suicídios, emigração e desterro de famílias, onde não houve segunda oportunidade. Deixar passar um tempo não resolve as consequências perenes. Perante a orgia, os parvos no silêncio observam os que ridicularizam os valores e a ética a usá-las para atingir o albergue espanhol. Só falta adiar o jogo de Abril para Outubro, em 2019, dando mais tempo para ganhar no prolongamento ou nos penalties.

Num tempo onde a política sem poder toureia a do poder e as vitórias e derrotas recentes extinguem a bolha eleitoral, ver a independência imiscuída em assuntos partidários é um erro. O capital político é etéreo, estamos vendo. E a Região Autónoma de gente decente? Deixamos a ilha privada de condomínio fechado à “máfia no bom sentido” excitada com mayday desastres venéreos de iniciativa presidencial que, com amor, abraços e beijos, acerta no gémeo que abre as portas do erário público à luxúria dos impérios? Da solução do Sudoku conclui-se que só um clister nos pode salvar a flora intestinal.



Diário de Notícias do Funchal
Data: 04-11-2017
Página: 30
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sábado, 28 de outubro de 2017

Avante camarada

omo é que um pai descobre se o filho é comunista? Quando brinca com o cubo das formas geométricas e inferniza-se para meter a estrela no quadrado, de repente, levanta-se, o pai acompanha com o olhar as fraldas ambulantes que desaparecem na porta, ao voltar traz o martelo, encaixa a estrela no quadrado e aplica-lhe o malho. É evidente que entra e o puto profere a primeira palavra: “- entrastes!”. O cubo “foice”. Isto define a ortodoxia que cumpre com o dogma, avante camarada, estás apto para o mais casmurro partido nacional. A insistência, ora teimosia, já foi persistência que deu história ao Partido Comunista Português (PCP).

O PCP foi a única organização política que resistiu de forma estruturada e permanente durante a luta antifascista no autoritário, autocrata e corporativista regime liderado por Salazar, mesmo após a Segunda Guerra Mundial, quando o Estado Novo sobreviveu à derrota do bloco nazi-fascista. O PCP, alinhado com o bloco soviético, agiu durante décadas na clandestinidade, fiel à estratégia antifascista herdada do Movimento Comunista Internacional. Na Madeira, durante a ditadura, a organização esteve quase sempre activa, mesmo com membros presos ou assassinados pela PIDE, obrigando a muitas reorganizações. Porque definha o PCP/Madeira, com resultados eleitorais medíocres, depois de tanta experiência? Voltamos à ortodoxia que cumpre com o dogma. O comunismo não é popular, mais do que uma questão ideológica, é conotado com regimes ditatoriais que deturparam os ideais comunistas, relembrando os maus episódios do passado e compactuando com os do presente.

Apoia Nicolás Maduro quando os emigrantes madeirenses sofrem e fogem da Venezuela? Uma tresloucada governação que ronda o default para o qual não há fraude à mão para salvar. Com uma queda de 12% do PIB neste ano e de 46,6% nos últimos 4, a Venezuela está sem dinheiro, ou opta por pagar os serviços da dívida e paralisa ou paga ordenados por mais um mês e entra em default. Não clarifica uma condenação à Coreia do Norte? Apoiariam mísseis balísticos em rota com a Madeira se os disparos tivessem origem num regime comunista? O PCP anda curto ao ponto de não desaproveitar sequer os marados, possuídos ou idiotas deste mundo, autênticos duques letais à parte tolerável dos ideais comunistas para os quais deveriam eriçar a “forfoloto” sobrancelha e estar ao lado do proletariado. Defende o corrupto regime angolano quando até empresas madeirenses não conseguem sacar dinheiro de lá?! Só o fascismo faz mal às pessoas? Onde andou o PCP/M quando se derramaram milhões de Euros desnecessários nas muralhas das ribeiras do Funchal e no caso Savoy? Tinha vereador, agora não. Onde andam os ambientalistas do PCP/M em terra tão necessitada e na defesa da linha ferry? Onde anda a luta contra o grande capital junto dos lesados do Banif? Nem quando o capitalismo estoirou com país o PCP capitalizou, fazendo como o PSD/M, falando dos erros dos outros para cobrir os seus. Onde está a posição do PCP/M relativamente à saúde e ao novo hospital quando tem um militante seu envolvido com o GR mais preocupado em discutir a vida interna de outros partidos? Anda tudo torto, não é verdade? Por consagração nos seus estatutos, é justo dizer-se que os activistas do PCP/M são dos mais presentes para defender os trabalhadores, prosseguindo os objectivos socialistas alcançados na história do país, porém, na hora de votar, não vê reflexo disso. Tudo isto parece a martelada na estrela para entrar no quadrado porque ninguém liga ao balanço de deve e haver, o PCP/M só liga ao haver.

Com a mentalidade do PCP nenhum Republicano censurava Trump, nem nenhum PSD o Passos Coelho, “o que faz falta” ao PCP é acabar com os seus tabus. O mais obstinado partido português tem todo o direito e liberdade de ser comunista mas modernize-se, não se resuma à pressão dos sindicatos neste arquipélago privado de condomínio fechado onde qualquer dia substituem o proletariado por escravos do açambarcador poder económico, num quadro onde não nascemos o suficiente e muitos partem porque não aturam isto. O eleitor está mais exigente e atento às atitudes, com o poder e com a oposição, vota cada vez menos por seguidismo e o PCP/M mergulha no exacto problema do PSD/M: os idosos estão a partir. Hoje, as novas gerações trouxeram outra capacidade de entrosamento para as clivagens ideológicas, nela está o segredo para o PCP/M subsistir. Usando do humor, coisa que nunca se viu, até gozava da ortodoxia do PSD/M no dogma do betão.

O PCP/M acaba de sair de um mau resultado autárquico, globalmente perdeu mais de metade dos votos se comparado com as Autárquicas 2013, um resultado consentâneo com as suas ausências por não conseguir fazer listas ou por candidatos ausentes em concelhos chave (Funchal) mas, também resultado de um PCP/M avesso a alianças e a coligações, exceptuando a habitual com “Os Verdes” (qual dos dois vale mais?). Um orgulhoso erro e obsessão comunista que se desculpa com os outros porque o PCP tem sempre “a história do seu lado”. Nestas autárquicas viram-se movimentos de cidadãos mais mobilizadores do que o PCP/M.

Ao PCP/M não se exige que rompa com o passado mas que mantenha o ADN lendo a conjuntura com gente, ideias e relacionamentos novos. O PCP/M tem soluções para vingar, a Sílvia Vasconcelos é uma excelente parlamentar, um relógio Konstantin Chaykin. Ricardo Lume cresceu nos debates na TV sobretudo nos assuntos laborais; Alexandre Fernandes é a ponderação e a persistência; Énio Martins é o metódico. É hora de incentivar verdadeiramente os camaradas mais novos em vez de insistir com estrela no quadrado porque nem a martelo vai. Sem novas causas, as debilidades internas vão se agravar até porque o filão dos sindicatos esmorece quando, em vez de lutar pelo proletariado, querem estar a bem com as oportunidades e jeitos do poder.

O PCP/M é importante para a democracia? Como qualquer outro, especialmente quando tem oportunidade de denunciar as ditaduras que existem na região mas não toca com medo de visarem as suas. A caminho das Regionais 2019, não vejo partidos saudáveis mas o PCP/M é, de longe, o mais doente, ajuda no mau caminho único porque as alternativas são péssimas.


Diário de Notícias do Funchal
Data: 28-10-2017
Página: 24
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sábado, 21 de outubro de 2017

A ciência da geringonça

m dos pilares da chamada Geringonça que segura a governação nacional é o Bloco de Esquerda (BE), sem dúvida, o partido com maior experiência na matéria. Depois do seu nascimento em 1999, fruto da fusão de 3 forças políticas: a União Democrática Popular (marxista), o Partido Socialista Revolucionário (trotskista mandelista) e a Política XXI (socialista), juntaram-se outros movimentos: euroceticismo, feminismo, LGBT, socialismo democrático, anticapitalismo, eco-socialismo, sindicalistas, ambientalistas, etc, para crescer com as causas das minorias. Quando o BE sentir a necessidade de se tornar verdadeiramente um partido nacional (pelas autárquicas sabemos que não é), perceberá que a aposta seguinte para crescer é o da moderação e da competência focada na vida das pessoas, ser o partido da fiscalização por excelência nas Assembleias, nacional e regionais, com responsabilidade.

O BE nacional teve momentos conturbados, com desfiliações, afastamentos e confrontos, naturais da enorme miscelânea que se tinha de entender. Vive uma época estrelada nestes últimos anos de crescimento e contentamento com a entrada de quadros jovens e urbanos, altamente qualificados, muito por culpa de uma era de ultraliberalismo que mandou emigrar. O BE tem-se revelado tecnicamente competente, ao ponto de muitos desejarem, em pensamento bélico, que os prevaricadores sob alçada da Assembleia da República caiam nas mãos do Bloco, basta lembrar a banca.

O BE Madeira (BE-M) é um partido estável, muito por culpa de pouco mudar, tanto que até cristaliza. Normalmente agita por razões externas, ora pelo efeito do furacão “Katarina”, ora pelo efeito adelgaçante do Cafôfo. Se o BE nacional já fez caminho e terá uma crise de crescimento, o BE Madeira tem todo o percurso por fazer quando até está fácil porque a experiência nacional partiu a pedra e mostrou o caminho. Com estes antecedentes, dentro do próprio partido, o BE-M poderia replicar o modelo do continente na nossa região, abrindo-se sem medo aos jovens quadros e fiscalizando alguma Madeira, política e pública, sacando do armário a enorme quantidade de esqueletos por descobrir. Verão como duplicam nas Regionais de 2019. Se fizermos uma comparação entre os números das Legislativas Regionais e o círculo da Madeira nas Legislativas Nacionais, comprovamos o atrás descrito, os números duplicam ou triplicam em favor das nacionais. O resultado do BE na Madeira nas últimas Legislativas Nacionais aplicadas numas Regionais colocariam o BE-M como a 4ª força política na região, à frente da JPP e a morder os calcanhares do PS, com 5 a 6 deputados. Observar o quadro. Quem tem faro político sabe que vêm aí tempos diferentes, desafiantes e com oportunidades.

O modelo assente no sindicalismo tende a esgotar e é muitas vezes responsável pelo discurso limitado e redondo onde o conteúdo condiciona o aliciamento a novos votantes. Falta um discurso para toda a sociedade e não só para minorias. Isto só se consegue com a adaptabilidade dos que estão e o respeito dos que chegam. Lamentavelmente o efeito Renovadinhos traz receios que não ajudam mas, o BE-M tem um filão por explorar, sem temores, para não se habituar às boleias que algum dia podem falhar, o que sucedeu ontem na Assembleia Municipal do Funchal.

Em 2011, Roberto Almada estava politicamente debilitado, o BE-M foi o único dos 9 partidos que não elegeu deputados. Na altura, foi pela primeira vez cabeça de lista, conhecido através da rotatividade que o BE-M impôs na ALR, livre de conceber o discurso, a estratégia e o programa mas, a sua liderança não foi preparada, deu barraca. Em 2015, foi humilde, procurou contributos de todos para a batalha eleitoral, valorizou os militantes históricos ostracizados e beneficiou da conjuntura que não premiou a coligação regional “Mudança” e elegeu 2 deputados. Cabe agora a Roberto Almada pensar no passado e avaliar se está a preparar convenientemente o BE para as Regionais de 2019. Controlo e calculismo é como jogar para o empate, dá quase sempre em derrota. Pode estar a permitir a sucção do eleitorado do BE-M por via do voto útil, da bipolarização, do movimento de cidadãos ou por simplesmente não provar a imprescindível utilidade do BE-M no parlamento regional. É hora de envolver para adicionar entusiasmo e de partilhar a responsabilidade. Olhe para os Renovadinhos pós autárquicas, está ali uma montra. A rotatividade dos de sempre no mesmo molde descredibiliza. Pergunte-se e tire ilações do porquê do BE nacional cativar mais os madeirenses do que o BE-M. É das pessoas? Da estratégia? Se nada mudou, vai produzir um resultado diferente? Ao observar as listas, parece que, quando o BE-M aposta em novidade, retornam resultados, a jovem investigadora nas Regionais, o economista dirigente na CMF nas nacionais. Não eram figuras públicas mas obtiveram resultados. A vocação do BE-M é para os madeirenses que anseiam por aragem fresca e não qualquer outra que pratique uma política do quanto baste. O que sucedeu para se efectivar o salto de 4.850 votos nas Regionais de Março de 2015 para 13.342 nas nacionais em Outubro do mesmo ano?

Há mais razões para o BE-M não crescer, a imobilização da sua organização de juventude que não realiza a captação de jovens para as suas causas nem refrescam as suas fileiras. A ausência da sua capacidade reivindicativa quando tem influência no poder, como na CMF, neutralizando a sua imagem e produção para apresentar ao eleitorado. Quando confunde prioridades sendo o único partido a proteger o primeiro-ministro na ALR num voto de protesto por não respeitar os órgãos de governo próprio da Autonomia, entre outros.

Numa semana onde o movimento “Erradicar a Pobreza” nos relembrou que 32% da população da Madeira vive na pobreza e que outros tantos estão em risco de engrossar esses números, também soubemos que o PSD-M continua a governar para si e para o terço que nunca será pobre à sombra do erário público. O BE-M só não cresce se não quiser, só falta extinguir a política do quanto baste numa Madeira de esquemas que rebenta pelas costuras. Já pensaram no que seria um Bloco com o ADN nacional a actuar na Madeira? Não ficaria pedra sobre pedra, nem o betão que as une.



Diário de Notícias do Funchal
Data: 21-10-2017
Página: 30
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sábado, 14 de outubro de 2017

PACMAN

aulo Alexandre Cafôfo (PAC-MAN) passou ao nível seguinte e atormenta os fantasmas do PSD-M por ter ficado na câmara e na ante-câmara do poder que o sistema não quer perder, apesar de insistir nas decisões políticas mortais. Os resultados das autárquicas permitem comprovar quão factual era a leitura de alguns.



Num estudo de opinião não publicado, efectuado na última semana da campanha autárquica, Paulo Cafôfo (enquanto força política) valia mais do que o PSD-M. Se as Eleições Legislativas Regionais ocorressem naquela data, o CDS com Cafôfo teria uma maioria absoluta na ALR mas com o PSD-M não. Nesse estudo, que dava a vitória eleitoral a Cafôfo nas Autárquicas com quase 44% (obteve 42,51%, dentro da margem de erro), 55% dos inquiridos achavam que ele ganharia, mostrando que há eleitores fiéis aos seus partidos mesmo reconhecendo outro favoritismo. A análise mostrou que o PSD-M está a perder eleitorado para os independentes e o CDS, verificando-se um fenómeno onde o CDS não tem um resultado pior porque alguns PSD, que não conseguem votar Cafôfo, refugiam-se naquele partido. Na pergunta sobre as forças políticas, este volta a assumir o primeiro lugar enquanto independente, muito à frente de Albuquerque quando em comparação directa. Numa questão de simpatia, Cafôfo compara-se a Jardim mas, quando a pergunta se coloca ao nível político, este ganha a Jardim. O que não se sabe é quanto vale Cafôfo sem o divisionismo no PSD-M.

Este vencedor tem projecção de líder mas falta-lhe equipa para outras ambições e o PSD-M (bem ou mal) tem quadros mas não se vislumbra um líder com aceitação no eleitorado para ganhar umas Regionais, ainda para mais, com a sua base eleitoral a mingar e um CDS também em queda que partilha do mesmo eleitorado. Um último dado curioso, dos que em 2015 votaram, 40,60% mudariam o voto. Estes elementos não têm origem em nenhum partido, coligação, interesse político, governos ou empresa de comunicação, tive um acesso fugaz à informação reservada sobre a sociedade madeirense. Ricardo Vieira, por leitura, intuição ou sopro, ao abandonar a ALR em busca de uma AD, de forma todavia indefinida, está lúcido. Em artigos passados, afirmei que Cafôfo fazia de Jardim, ele contra todos, e também que as Autárquicas decidiam as Regionais, agora digo que as Regionais de 2019 serão as mais ferozes de sempre, o sistema está a ruir por esgotamento da fórmula. O povo quer mudar porque o exemplo nacional desmistificou os exageros dos radicais, controlados pelas regras da UE, e porque zelou pelo povo trazendo uma onda de esperança e entusiasmo a Portugal. Se uma geringonça regional deitar mão ao Orçamento Regional, a primeira coisa que fará é dedicá-lo ao povo e não ao betão, o que envergonharia o PSD-M.

Quem avança com um PPSD - Partido Popular Social Democrata para atalhar o estado comatoso de PSD-M e CDS-M? Ou será uma AD? A Renovação desilude o eleitorado de forma reincidente. Fica registado pelo eleitor o recente assalto do lobby do betão corporizado na vice-presidência, co-responsável pelo Savoy enquanto vereador e funcionário do proprietário, que terá todos os poderes para elaborar um plano perfeito: as finanças, os subsídios e os transportes, com as obras a recair noutro para parecer uma isenta coordenação política. É sinistro pensar como o vice rejeitou em tempos desempenhar funções governativas por ter de aceitar uma redução significativa do vencimento auferido na empresa de construção. O que mudou? Vai tratar de dívidas com o banco do irmão, efectuar pagamentos ao patrão, negociar com os pilares lobistas a que pertence. Em política, o que parece é. Qual o trunfo político? Ter deixado no passado a CMF em agonia financeira?
Um projecto alternativo preconizado por Ricardo Vieira, que tome por razão de existir o medo da chegada dos radicais de esquerda ao poder, terá o sucesso condicionado pela recordação da austeridade sem humanidade da Caranguejola versus Geringonça a nível nacional e a não alteração do modelo de governação regional mesmo com derrota. Para o eleitorado, o papão da esquerda radical faleceu e o da direita nasceu por culpa de uma geração de políticos inaptos e teimosos. A remodelação e rotações pós Autárquicas são mais um nível vencido pelo PACMAN. Se este pode ter um desaire na Assembleia Municipal, a Renovação pode ter o seu na ALR através dos deputados com instintos suicidas.



A Cafôfo resta-lhe acelerar na sua maioria absoluta para comprovar o que vale nos 2 primeiros anos de 4, passando a pente fino as críticas recebidas na campanha, entendidas como trunfo político pelos adversários, até porque continua a precisar de negociações na Assembleia Municipal onde o PSD ensaia o canto de cisne com as muletas CDS, MPT e PTP que definirão como querem ser considerados em 2019. Enquanto isso cumpre o programa. Cafôfo deve perceber que é o líder que une (olhar para a Renovação). Deve tirar meio dia, todas as semanas, para visitar os seus funcionários e ouvir o que têm para dizer sobre o desempenho da CMF. Esclarecer com alguns que servem os munícipes e não os partidos, exercendo uma pedagogia para o fim da politização e intoxicação de ambientes numa autoridade sem autoritarismo, depositando confiança nos funcionários e dando-lhes condições para não optar pelo outsourcing. Deve estar consciente de que muitas atenuantes findaram e que fará comparação com a maioria absoluta da Renovação. Muitos abutres do sistema, os que estoiram mandatos, vão arrastar a asa, o arranque é muito importante pois determina condições e regras, é olhar para os erros da Renovação e ver o padecimento assente em orgulho que não pode voltar atrás. Durante a campanha vimos documentos do relacionamento entre a CMF com seus munícipes em público para gincana política, denotando que a privacidade dos dados está ao nível da Segurança Social regional (dados e auxiliares), EDP, NOS e MEO. Sujeita a contra-ordenação até 1 milhão de Euros. Deve preferir a adaptabilidade e bom senso da gestão política em vez da tecnocrata. A Confiança deve ser exemplo na imparcialidade e decência dos concursos a fim de restabelecer na região a oportunidade por mérito. Dia 17 sai para o mercado uma nova versão do PACMAN.



Diário de Notícias do Funchal
Data: 14-10-2017
Página: 24
Link: PACMAN
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sábado, 7 de outubro de 2017

Comunicar por assobio

embro-me de um avarento de posses que tinha um caseiro para lhe tratar da propriedade. Sempre que chegava a época das anonas, o caseiro trepava à árvore e, enquanto este trabalhava, o avarento cá em baixo dizia: - assobia Manuel, assobia! É um exemplo de comunicação com uma mensagem subliminar. Há dias estava no supermercado e ouço um assobio, logo de outro ponto responde uma criança: - Estou aqui, pai! Um assobio produziu uma resposta. O PSD-M teve o pior resultado da sua história e estão todos a assobiar para tão só rodar posições entre a Renovação que não tem humildade e soluções na sua exiguidade, desculpando-se com a comunicação. Se não comunicassem, não saberíamos da má qualidade. Conclui-se que comunicar é fácil, o problema é a mensagem. O PSD-M, “com serenidade”, está-se a “obrar” para a derrota quando o povo conhece o PSD-M há 40 anos.

Ao Partido Sem Discernimento, dos que assobiam por ignorância ou ambições pessoais, juntou-se o Partido da Severa Derrota que manterá no essencial tudo igual por ser um Partido Sôfrego por Dinheiro. A mensagem é péssima. A do argumento, do discurso, do exemplo e do mote.

O Partido da Severa Derrota é o mesmo da vitória, em 2015, com discurso para acabar com a era de betão, mas que verteu toneladas de betão inútil nas ribeiras do Funchal e vai “atentar” no Paul da Serra. Quando o Partido Sem Discernimento se ajeita para prosseguir no betonismo, sob a capa de estudos que nunca vêm a público e de (ir)responsáveis conotados nas tutelas chave para alimentar o Partido Sôfrego por Dinheiro, temos a mensagem entornada. Alguns parecem Kim Jong-un a cuidar de um paiol. Depois dizem que têm problemas de comunicação. Os Solanum Lycopersicum têm é problemas de mensagem! Não querem mudar, os lobbies mandam mais do que os votos, quão difícil é a missão de governar para o povo nas tremendas teias do Partido Sem Discernimento. Se estigmas tem, estigmas promove, nesta era da política em directo que escrutina dia-a-dia a sinceridade e a verdade e pouco se impressiona com acções de charme pré eleitoral.

Com uma derrota política tão severa, só o “robôcrata” é que pede demissão e atira-se fel aos bons mensageiros?

O que é feito do discurso forte de ruptura e do capital político do vencedor das últimas Regionais de 2015? Onde está a assumpção da responsabilidade dos que cortaram o PSD abaixo do 10.000 no primeiro congresso da Renovação? Dos que eliminaram a experiência e know-how para serem alguma coisa no seio de tapados? Onde está o Gabinete de Estudos a produzir ideias, programa e discurso para o PSD não cair no vazio de enxovalhar os adversários, suportados por mensagens de má-língua nas redes sociais? Onde está o responsável pela eliminação do PSD-M basista e interclassista? O que impôs candidatos, ultrapassando e ignorando os órgãos locais do PSD-M (comissões políticas de freguesia e concelhias), gerando revolta e falta de mobilização notória que culmina na hecatombe eleitoral, numa lógica do seu interesse e não dos concelhos? Que raio de autonomistas são estes se não conseguem descentralizar a gestão política aos que melhor conhecem as zonas? Onde estão os políticos investidos de cargos no GR que projectaram de novo o mau ambiente da governação sobre escolhas insensatas de candidatos autárquicos? Agora, com novos derrotados e uma hecatombe maior, irão afastar também os candidatos derrotados da Renovação? Sabe-se que não pois até já os estão a premiar, que grande dualidade mas, esta última forma é a certa. Caiu a argumentação que disfarçou o divisionismo. Onde está a responsabilidade dos que promoveram a derrota do PSD-M nas Autárquicas de 2013 e que agora se armam em virgens moralistas com a derrota de 2017? Onde está a responsabilidade do homem que vai à boleia por falta de imagem, imposto pela força familiar do império, que mina aqui e ali o PSD-M a seu favor com a imposição de candidatos que perdem? Outro queima méritos. Onde está o insuportável contabilista a provar o indefensável e a ferir a inteligência dos outros? Vai outra vez passar pelos pingos da chuva? Onde está o novo símbolo do caciquismo que o povo abomina e que traz impopularidade num exagero verbal que mata? Onde está o quer mas não quer, está mas não está, é mas não é, esse e outros que jogam em todos os tabuleiros? Onde estão os animais pedantes que exibem a sua inferior superioridade investidos da chave da retrete que, em vez de se sentirem com responsabilidade, perseguem, ameaçam e maltratam funcionários públicos que agora aplicaram o castigo ao PSD-M? Onde estão os que insultam gratuitamente, sem pingo de história, militância ou legado e que se refugiam em Sá Carneiro sem nunca terem lido uma página sobre ele? Onde estão os militantes que, não querendo abrir os olhos, estão amarrados ao saudosismo de um passado que alimenta más sementes? Onde estão os grupelhos da exclusividade que alcunham e adjectivam a cidadania que não lhes convém? Onde estão os que passam profissional e obscenamente à frente de outros bem melhores, por cunha, e que desmoralizam toda a “cadeia de valor” da Função Pública?

Fizeram tantas que o povo não acredita à partida. Falta uma grande depuração com actos para que o eleitor volte a confiar. Lá foi o tempo do povo só se pronunciar pelo voto, a cidadania e a opinião pública está a amadurecer. O PSD-M da Renovação é um avião que não desce à terra, com problemas de mensagem somados à fraca governação e a caça às bruxas, muitos militantes perceberão que chegou a hora de mudar de vida porque a política não é local de tratamento ao autismo e, muito menos, de emprego e esquemas. É de passagem e contributo.



Precisamos de, pelo menos, duas forças a disputar 2019 e o PSD-M não parece minimamente interessado no povo que vota. Já Passos dizia, “não governo para eleições”, quão parecido é o PSD-M. Se não acordarem, poderão ter de encarar um novo partido que saiba interpretar a social-democracia e que deixe o PSD-M para os “piquenos” brincarem.

O PSD-M tem um problema de comunicação? Não! Tem gente a falar mas não tem mensagem que vingue. O PSD-M tem Opinion Makers? Não! Só tem abana-cabeças a replicar a leitura oficial porque matou a selecção natural que garante massa crítica e uma mensagem séria. O voto confere o poder. O poder não confere a razão, só o expediente. A razão será sempre do povo.



Diário de Notícias do Funchal
Data: 07-10-2017
Página: 22 
Link: Comunicar por assobio
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