aulo Alexandre Cafôfo (PAC-MAN) passou
ao nível seguinte e atormenta os fantasmas do PSD-M por ter ficado na câmara e
na ante-câmara do poder que o sistema não quer perder, apesar de insistir nas
decisões políticas mortais. Os resultados das autárquicas permitem comprovar
quão factual era a leitura de alguns.
Num estudo de opinião não publicado,
efectuado na última semana da campanha autárquica, Paulo Cafôfo (enquanto força
política) valia mais do que o PSD-M. Se as Eleições Legislativas Regionais
ocorressem naquela data, o CDS com Cafôfo teria uma maioria absoluta na ALR mas
com o PSD-M não. Nesse estudo, que dava a vitória eleitoral a Cafôfo nas
Autárquicas com quase 44% (obteve 42,51%, dentro da margem de erro), 55% dos
inquiridos achavam que ele ganharia, mostrando que há eleitores fiéis aos seus
partidos mesmo reconhecendo outro favoritismo. A análise mostrou que o PSD-M
está a perder eleitorado para os independentes e o CDS, verificando-se um
fenómeno onde o CDS não tem um resultado pior porque alguns PSD, que não
conseguem votar Cafôfo, refugiam-se naquele partido. Na pergunta sobre as
forças políticas, este volta a assumir o primeiro lugar enquanto independente,
muito à frente de Albuquerque quando em comparação directa. Numa questão de simpatia,
Cafôfo compara-se a Jardim mas, quando a pergunta se coloca ao nível político,
este ganha a Jardim. O que não se sabe é quanto vale Cafôfo sem o divisionismo
no PSD-M.
Este vencedor tem projecção de líder mas
falta-lhe equipa para outras ambições e o PSD-M (bem ou mal) tem quadros mas
não se vislumbra um líder com aceitação no eleitorado para ganhar umas
Regionais, ainda para mais, com a sua base eleitoral a mingar e um CDS também
em queda que partilha do mesmo eleitorado. Um último dado curioso, dos que em
2015 votaram, 40,60% mudariam o voto. Estes elementos não têm origem em nenhum
partido, coligação, interesse político, governos ou empresa de comunicação,
tive um acesso fugaz à informação reservada sobre a sociedade madeirense.
Ricardo Vieira, por leitura, intuição ou sopro, ao abandonar a ALR em busca de
uma AD, de forma todavia indefinida, está lúcido. Em artigos passados, afirmei
que Cafôfo fazia de Jardim, ele contra todos, e também que as Autárquicas
decidiam as Regionais, agora digo que as Regionais de 2019 serão as mais
ferozes de sempre, o sistema está a ruir por esgotamento da fórmula. O povo
quer mudar porque o exemplo nacional desmistificou os exageros dos radicais,
controlados pelas regras da UE, e porque zelou pelo povo trazendo uma onda de
esperança e entusiasmo a Portugal. Se uma geringonça regional deitar mão ao
Orçamento Regional, a primeira coisa que fará é dedicá-lo ao povo e não ao
betão, o que envergonharia o PSD-M.
Quem avança com um PPSD - Partido Popular
Social Democrata para atalhar o estado comatoso de PSD-M e CDS-M? Ou será uma
AD? A Renovação desilude o eleitorado de forma reincidente. Fica registado pelo
eleitor o recente assalto do lobby do betão corporizado na
vice-presidência, co-responsável pelo Savoy enquanto vereador e funcionário do
proprietário, que terá todos os poderes para elaborar um plano perfeito: as
finanças, os subsídios e os transportes, com as obras a recair noutro para
parecer uma isenta coordenação política. É sinistro pensar como o vice rejeitou
em tempos desempenhar funções governativas por ter de aceitar uma redução significativa do
vencimento auferido na empresa de
construção. O que mudou?
Vai tratar de dívidas com o banco do irmão, efectuar pagamentos ao patrão,
negociar com os pilares lobistas a que pertence. Em política, o que parece é.
Qual o trunfo político? Ter deixado no passado a CMF em agonia financeira?
Um projecto alternativo preconizado por
Ricardo Vieira, que tome por razão de existir o medo da chegada dos radicais de
esquerda ao poder, terá o sucesso condicionado pela recordação da austeridade
sem humanidade da Caranguejola versus Geringonça a nível nacional e a não
alteração do modelo de governação regional mesmo com derrota. Para o
eleitorado, o papão da esquerda radical faleceu e o da direita nasceu por culpa
de uma geração de políticos inaptos e teimosos. A remodelação e rotações pós
Autárquicas são mais um nível vencido pelo PACMAN. Se este pode ter um desaire
na Assembleia Municipal, a Renovação pode ter o seu na ALR através dos
deputados com instintos suicidas.
A Cafôfo
resta-lhe acelerar na sua maioria absoluta para comprovar o que vale nos 2
primeiros anos de 4, passando a pente fino as críticas recebidas na campanha,
entendidas como trunfo político pelos adversários, até porque continua a
precisar de negociações na Assembleia Municipal onde o PSD ensaia o canto de
cisne com as muletas CDS, MPT e PTP que definirão como querem ser considerados
em 2019. Enquanto isso cumpre o programa. Cafôfo deve perceber que é o líder que
une (olhar para a Renovação). Deve tirar meio dia, todas as semanas, para
visitar os seus funcionários e ouvir o que têm para dizer sobre o desempenho da
CMF. Esclarecer com alguns que servem os munícipes e não os partidos, exercendo
uma pedagogia para o fim da politização e intoxicação de ambientes numa
autoridade sem autoritarismo, depositando confiança nos funcionários e
dando-lhes condições para não optar pelo outsourcing. Deve estar
consciente de que muitas atenuantes findaram e que fará comparação com a
maioria absoluta da Renovação. Muitos abutres do sistema, os que estoiram
mandatos, vão arrastar a asa, o arranque é muito importante pois determina
condições e regras, é olhar para os erros da Renovação e ver o padecimento
assente em orgulho que não pode voltar atrás. Durante a campanha vimos
documentos do relacionamento entre a CMF com seus munícipes em público para
gincana política, denotando que a privacidade dos dados está ao nível da
Segurança Social regional (dados e auxiliares), EDP, NOS e MEO. Sujeita a
contra-ordenação até 1 milhão de Euros. Deve preferir a adaptabilidade e bom
senso da gestão política em vez da tecnocrata. A Confiança deve ser exemplo na
imparcialidade e decência dos concursos a fim de restabelecer na região a
oportunidade por mérito. Dia 17 sai para o mercado uma nova versão do PACMAN.
Diário de Notícias do Funchal
Data: 14-10-2017
Página: 24
Data: 14-10-2017
Página: 24
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