embro-me de um avarento de posses que
tinha um caseiro para lhe tratar da propriedade. Sempre que chegava a época das
anonas, o caseiro trepava à árvore e, enquanto este trabalhava, o avarento cá
em baixo dizia: - assobia Manuel, assobia! É um exemplo de comunicação com uma
mensagem subliminar. Há dias estava no supermercado e ouço um assobio, logo de
outro ponto responde uma criança: - Estou aqui, pai! Um assobio produziu uma
resposta. O PSD-M teve o pior resultado da sua história e estão todos a
assobiar para tão só rodar posições entre a Renovação que não tem humildade e
soluções na sua exiguidade, desculpando-se com a comunicação. Se não
comunicassem, não saberíamos da má qualidade. Conclui-se que comunicar é fácil,
o problema é a mensagem. O PSD-M, “com serenidade”, está-se a “obrar” para a
derrota quando o povo conhece o PSD-M há 40 anos.
Ao Partido Sem Discernimento,
dos que assobiam por ignorância ou ambições pessoais, juntou-se o Partido
da Severa Derrota que manterá no essencial tudo igual por ser um Partido
Sôfrego por Dinheiro. A mensagem é péssima. A do argumento, do
discurso, do exemplo e do mote.
O Partido da Severa Derrota
é o mesmo da vitória, em 2015, com discurso para acabar com a era de betão, mas
que verteu toneladas de betão inútil nas ribeiras do Funchal e vai “atentar” no
Paul da Serra. Quando o Partido Sem Discernimento se
ajeita para prosseguir no betonismo, sob a capa de estudos que nunca vêm a
público e de (ir)responsáveis conotados nas tutelas chave para alimentar o Partido
Sôfrego por Dinheiro, temos a mensagem entornada. Alguns parecem
Kim Jong-un a cuidar de um paiol. Depois dizem que têm problemas de
comunicação. Os Solanum Lycopersicum têm é problemas de mensagem! Não
querem mudar, os lobbies mandam mais do que os votos, quão difícil é a
missão de governar para o povo nas tremendas teias do Partido Sem
Discernimento. Se estigmas tem, estigmas promove, nesta era da política
em directo que escrutina dia-a-dia a sinceridade e a verdade e pouco se
impressiona com acções de charme pré eleitoral.
Com uma derrota política tão severa, só o
“robôcrata” é que pede demissão e atira-se fel aos bons mensageiros?
O que é feito do discurso forte de
ruptura e do capital político do vencedor das últimas Regionais de 2015? Onde
está a assumpção da responsabilidade dos que cortaram o PSD abaixo do
10.000 no primeiro congresso da Renovação? Dos que eliminaram a experiência e know-how
para serem alguma coisa no seio de tapados? Onde está o Gabinete de Estudos a
produzir ideias, programa e discurso para o PSD não cair no vazio de enxovalhar
os adversários, suportados por mensagens de má-língua nas redes sociais? Onde
está o responsável pela eliminação do PSD-M basista e interclassista? O que
impôs candidatos, ultrapassando e ignorando os órgãos locais do PSD-M
(comissões políticas de freguesia e concelhias), gerando revolta e falta de
mobilização notória que culmina na hecatombe eleitoral, numa lógica do seu
interesse e não dos concelhos? Que raio de autonomistas são estes se não
conseguem descentralizar a gestão política aos que melhor conhecem as zonas?
Onde estão os políticos investidos de cargos no GR que projectaram de novo o
mau ambiente da governação sobre escolhas insensatas de candidatos autárquicos?
Agora, com novos derrotados e uma hecatombe maior, irão afastar também os
candidatos derrotados da Renovação? Sabe-se que não pois até já os estão a
premiar, que grande dualidade mas, esta última forma é a certa. Caiu a
argumentação que disfarçou o divisionismo. Onde está a responsabilidade dos que
promoveram a derrota do PSD-M nas Autárquicas de 2013 e que agora se armam em
virgens moralistas com a derrota de 2017? Onde está a responsabilidade do homem
que vai à boleia por falta de imagem, imposto pela força familiar do império,
que mina aqui e ali o PSD-M a seu favor com a imposição de candidatos que
perdem? Outro queima méritos. Onde está o insuportável contabilista a provar o
indefensável e a ferir a inteligência dos outros? Vai outra vez passar pelos pingos
da chuva? Onde está o novo símbolo do caciquismo que o povo abomina e que traz
impopularidade num exagero verbal que mata? Onde está o quer mas não quer, está
mas não está, é mas não é, esse e outros que jogam em todos os tabuleiros? Onde
estão os animais pedantes que exibem a sua inferior superioridade investidos da
chave da retrete que, em vez de se sentirem com responsabilidade, perseguem,
ameaçam e maltratam funcionários públicos que agora aplicaram o castigo ao
PSD-M? Onde estão os que insultam gratuitamente, sem pingo de história,
militância ou legado e que se refugiam em Sá Carneiro sem nunca terem lido uma
página sobre ele? Onde estão os militantes que, não querendo abrir os olhos,
estão amarrados ao saudosismo de um passado que alimenta más sementes? Onde
estão os grupelhos da exclusividade que alcunham e adjectivam a cidadania que
não lhes convém? Onde estão os que passam profissional e obscenamente à frente
de outros bem melhores, por cunha, e que desmoralizam toda a “cadeia de valor”
da Função Pública?
Fizeram tantas que o povo não acredita à
partida. Falta uma grande depuração com actos para que o eleitor volte a
confiar. Lá foi o tempo do povo só se pronunciar pelo voto, a cidadania e a
opinião pública está a amadurecer. O PSD-M da Renovação é um avião que não
desce à terra, com problemas de mensagem somados à fraca governação e a caça às
bruxas, muitos militantes perceberão que chegou a hora de mudar de vida porque
a política não é local de tratamento ao autismo e, muito menos, de emprego e esquemas.
É de passagem e contributo.
Precisamos de, pelo menos, duas forças a
disputar 2019 e o PSD-M não parece minimamente interessado no povo que vota. Já
Passos dizia, “não governo para eleições”, quão parecido é o PSD-M. Se não
acordarem, poderão ter de encarar um novo partido que saiba interpretar a
social-democracia e que deixe o PSD-M para os “piquenos” brincarem.
O PSD-M
tem um problema de comunicação? Não! Tem gente a falar mas não tem mensagem que
vingue. O PSD-M tem Opinion Makers? Não! Só tem abana-cabeças a replicar
a leitura oficial porque matou a selecção natural que garante massa crítica e
uma mensagem séria. O voto confere o poder. O poder não confere a razão, só o
expediente. A razão será sempre do povo.
Diário de Notícias do Funchal
Data: 07-10-2017
Página: 22
Data: 07-10-2017
Página: 22