
O
MT arrancou com um turbilhão de eventos, fruto de uma planificação a 3 anos; os
dados indicam que em 1999 organizou 156 eventos,
rejeitando alguns porque as montagens inviabilizavam dias de exposição. Cerca
de 25 Eventos foram nacionais ou internacionais onde estiveram 2100
estrangeiros e 2200 nacionais. Foi uma área do governo em que se trabalhava em
modo de empresa privada, em horário exigente mas com humor reconfortante. Por
esta altura, começa a ser notada a falta de um hotel junto aos eventos que bem
poderia ter sido a Escola Hoteleira (novo edifício em 1997), para continuar a
crescer e a conquistar mercado com eventos internacionais cada vez mais exigentes.
A incapacidade de resposta dos transportes aéreos começam a ser uma pecha,
havia que pensar em charters e não carreiras regulares. Passado o doloroso
momento entre a criação e a velocidade de cruzeiro, o “brinquedo” tornou-se
apetecível. Surgiram os predadores do estatuto, do ordenado e das oportunidades,
algo que contrasta com a actualidade, sendo difícil nomear um administrador
para um notável legado de 13 milhões de euros de passivo.
Na
altura do apetecível “brinquedo”, qualquer coisa justificava uma viagem, um
administrador adjudicava a si mesmo,
enquanto empresário, a prestar serviços
para o MT, em exclusividade, com preços que retiravam competitividade. Também
houve administradores competentes mas abafados por outros de poucos escrúpulos.
O MT entra na fase “militar” onde a promoção internacional passa a inexistente
com a ideia de que era dinheiro deitado fora. A manutenção do edifício continua
a não ser atendida mas cai-se nas boas graças com charme enquanto se aniquila objectivos
estudados. Os pertences do Tecnopolo são cobiçados, os equipamentos são
emprestados até à sua perda por desgaste rápido ou desaparecimento. Ilustro com
2 exemplos, entre muitos. A estrutura cénica (panos e ecrã de elevadíssima
qualidade, só para indoor) acaba no mar por acção do vento, no concerto do
Júlio Iglésias em 2004, na Pontinha. Empresta-se o material dos stands a
concorrentes que o devolvem em cada vez pior estado. Assim, o MT vai ficando
sem feiras, sugado por todos, sem material e com calote. Neste momento, o MT
agoniza ignorado pela tutela e esvaziado de conteúdo. Resume-se somente ao
CIFEC com 2 Salas e 2 pavilhões, perdeu 8 salas e a respectiva polivalência, a grande
vantagem competitiva que detinha. Alguns dos seus
espaços estão alocados a instituições, tornado-se um “arrendatário” sem
rendimento, por pagamentos em atraso, nem espaço, o que inviabiliza cada vez
mais os eventos. Perdeu
parte das instalações para o M-ITI, outro projecto que está em convulsão
permanente, fruto de uma chefia conflituosa do ex-presidente do MT que utilizou
o poder para beneficiar o seu projecto do coração. O MT é apetecido pela Secretaria
da Economia para dar asas a mais um projecto de fachada, o alargamento do StartUp
Madeira, controlado pela Secretaria das Finanças que o estrangula
financeiramente, sempre com o tal “guarda-livros” sem visão.
Em 2013, o MT teve 26 eventos de origem regional, à
excepção de algumas formações pequenas organizadas por empresas nacionais e
destinadas a clientes regionais. O pouco que ainda se faz deve-se à
competência e profissionalismo dos parcos funcionários que resistem e que
durante o ano passado tiveram ordenados em atraso. Vive o resultado do acumular
de erros resultantes das graves decisões das tutelas e Administrações do
passado mas ninguém foi responsabilizado.
Quando
tudo falta no MT, não há tutela activa, não há Administração com projecto. Para
onde caminha? Estão a criar um claro historial junto da UE, suportado na lógica
de aproveitamento dos fundos, fazendo dívida mas sem uma economia regional para
manter e com a solução internacional sabotada. O contribuinte irá pagar a
factura duas vezes, a da construção e a da dívida. Será que este projecto de
milhões vai ser abandonado e transformado em albergue de organismos públicos? Só
interessa à política quando quer pavonear os números dos comensais em vésperas
de eleições? Será que o MT está a maturar mais uma solução única para hotel, na
já tradição deste GR, aí sim com condições excepcionais para trazer de novo
eventos internacionais? Valorizado em 10.000€, “oferecido”? Mais uma factura
para o contribuinte?
Como factos temos o valley que
migrou para a Ribeira Brava com uma só empresa privada. O próprio GR assassina
o seu investimento num desprezo político imperdoável apesar de ser obra do PSD.
A outrora promotora ACIF faz a ExpoMadeira num estádio por interesse de alguém a
jogar com as influências. O secretário que não é da tutela usa o MT como sede
das Startups e lá dentro, lugar que não é exemplo, fala em como administrar,
promover e formar para uma nova economia. Ninguém obtém do GR a resposta sobre
o que vai fazer do MT mas, ela é do interesse de muitos, principalmente de
contribuintes e funcionários.
Diário de Notícias do Funchal