ue ironia,
na mesma semana, tivemos a apresentação da SalvaMarMadeira - Associação de
Nadadores Salvadores da Região Autónoma da Madeira - e uma sondagem onde se
anuncia o naufrágio do PSD-M no Funchal, seguindo os passos de Coelho, a nível
nacional, que até vem à região “ajudar”. Isto lembra uma reza de uma antiga
vizinha que, enquanto fumigava a casa com incenso, entrava em transe com a
repetição do “bem para dentro, mal para fora, graças de Deus pela casa dentro”.
SalvaMarMadeira: arranquemos pela
salvação. Só é Nadador Salvador a pessoa com o curso certificado ou reconhecido pelo
Instituto de Socorros a Náufragos, a quem compete socorrer e prestar suporte
básico de vida nas praias, áreas concessionadas, piscinas entre outros locais
de práticas aquáticas com obrigatoriedade de vigilância. Para além disso,
orientam conteúdos técnicos profissionais específicos, informam e previnem.
Para defender esta nobre função nada mais
inteligente do que constituir uma geringonça caranguejolada de largo espectro
político para uma melhor imunização à habitual mania de politizar tudo o que
mexe na região. Assim se apresentou a SalvaMarMadeira, sem fins lucrativos,
para salvar vidas dignificando os nadadores-salvadores. Pretendem acabar com a
ultrajante situação de ganharem 2,99€ por hora para se manterem em forma, por
horários de sol a sol na função de salvar vidas, essas que parecem estar em
saldos. A associação mostrou inteligência ao se precaver de qualquer cambalhota
no panorama regional, tendo sempre um interlocutor privilegiado para cada
sensibilidade política. É a primeira vez que vejo a adaptação da cidadania aos
novos tempos.
Apesar
daquele miserável valor pago por hora, na actualidade, os “pacotes” vendidos às
câmaras são caríssimos para os serviços de vigilância às praias. Há lugar a uma
moderação que vai beneficiar todos os intervenientes, acabando com uma atitude
“comerciante”. A SalvaMarMadeira não vai ganhar dinheiro com os serviços dos
nadadores salvadores, fará vida com a formação e a segurança através de protocolos com escolas e
instituições. Esperemos que a SalvaMarMadeira, com a
cidadania e a pura necessidade de colmatar uma falha na nossa estrutura de
salvamento, tenha sabido tornear a degradante politização e “comércio” de tudo
para uma nova era de respeito pelas instituições.
Sondagem do
Funchal: há euforias, desalentos, esperanças e
especulações mas é uma sondagem que indica uma clara tendência por mais uma
vez. Se convertermos 12% de diferença em votos, nesta bipolarização, é uma informação
bem mais violenta. A efectivação da candidatura de Rubina valeu-lhe,
comparativamente à sondagem de Janeiro, neste mesmo DN, a migração de 5 pontos
percentuais de Cafôfo para si, falta saber o efeito do anúncio da sua lista
que, saindo às pinguinhas, denota dificuldades na sua formação. A lista de
Cafôfo passou em low profile e, a confirmar-se este resultado, 6-4-1, o
5º e 6º candidato à vereação são grandes adições à equipa. Não sei que anúncios
poderá um Governo Regional suspeito lançar para o futuro a fim de alavancar
votos nestas autárquicas, não há concretizações e trabalha-se em stress
para colmatar uma má programação da agenda. Por outro lado, talvez fosse do PSD
tentar uma campanha pela positiva, provando que tem ideias, por este caminho de
lama vai dar muito errado com os seus telhados de vidro. Observo um fenómeno
que ainda não foi falado nestes momentos de sondagens na Madeira. Elas são
fiéis aos inquéritos recolhidos mas estimo que o clima intimidatório que o
PSD-M exerce sobre os eleitores, de alguma forma dependentes, provoca uma maior
margem de erro nos seus números porque há uma diferença não quantificada entre
aquilo que é indicação de voto politicamente correcta, quando verbalizada, e
outra quando a indicação é secreta, acabando a situação por ser designada por
margem de erro. Estou a dizer que os números do PSD tendem a ser piores por
esta razão e aqueles 15,3% que escondem as suas preferências serão um calvário
e não uma esperança. A fé de que muitos, normalmente funcionários públicos,
acabam mesmo que contrariados votando no PSD por medo de perder algo foi
ultrapassado, a partir do momento em que a Renovação os destrata para conseguir
espaço para os jobs for the boys and girls e onde estes, acabadinhos de
chegar, representam um insulto.
Quanto a
Cafôfo, enquanto independente apoiado por independentes e partidos, deveria
fazer constar nas suas listas a sensibilidade social-democrata para
materializar um reconhecimento aos votos que já lhe deram uma vitória no
passado e dos quais volta a depender no presente. Há PSDs a contribuir para a
sua vitória, é inegável. Tendo o apoio de Costa, parece que não aprendeu a sua
capacidade de negociar e embrulhar o adversário. Perceberá no futuro como não
marcou o ponto agora se acaso tiver outras ambições. O PSD-M é um portento que
só precisa de um exorcismo sobre aqueles que resumem a democracia aos seus
interesses e impérios. Quem não sabe escolher bons quadros, em oportunidade
única, arrisca-se a fazer no futuro a mesma figura da Renovação que, focada no
coro e alheada do mérito, com muita presunção e soberba, mantém o orgulho de
trabalhar com a fracção da lotaria. Os eleitores da Madeira são
ideologicamente, na maioria, social-democratas, só não têm paciência para
aturar este PSD-M com os respectivos deformados do momento, perfeitos para a
era Passos Coelho. Quem aceder à social-democracia leva uma parte dos PSDs.
Agora é colocar a cabeça a funcionar, basta o ambiente político se alterar para
andarmos de cambalhota em cambalhota, tanto o PSD-M ressuscita, como surge um
novo partido ou Cafôfo, independente, ainda é solicitado para o exorcismo.
Jardim deambula e não mete prego sem estopa, parece que estamos à entrada de
uma era de imunização do tipo SalvaMarMadeira.
Sem comentários:
Enviar um comentário