falta de sensibilidade social marca o mandato que ora
finaliza, mesmo com todas as atenuantes do resgate. Estamos a avaliar este
mandato, o outro já foi, o momento e os personagens. Passos fez da discórdia entre
portugueses um método para implementar reformas duvidosas na aflição de cortar
despesa. Do que disse e do que realmente fez nasceu o reconhecimento de
mentiroso em sondagem.
O descrédito da palavra tem consequências pois é com ela
que se comunica, ainda assim, a verdadeira campanha eleitoral é de 4 anos de
acções e desaforos. A tentativa do “ou eu ou o caos” não funciona, os eleitores
perderam demais, muitas vidas estão irreparáveis e agora não sentem medo. O
discurso emotivo também não funciona a paredes-meias com a injustiça, o coração
é cada vez mais de pedra, até nos doces grisalhos. Imagino o eco que encontra o
discurso do trabalho feito, que deve ser recompensado, sobretudo nos
funcionários públicos onde nem na carreira encontram alento. Resta saber o grau
de desânimo que leva à abstenção, contando que Passos neutralizou muitos votos,
claramente contra, com o “emigrem”.
Foto de Justin Russo/ Solent News |
O povo não deseja a ilusão “naïve” do Syriza mas gosta de
confiança e esperança, de vida, um rumo para pagar sem deixar de viver. Temos
uma economia dizimada e, para além do verdadeiro desemprego e da simulação do
contrário, 900.000 empregos estão em 20% das empresas nacionais em
dificuldades. Estamos sem anéis para uma próxima crise e não se entende a falta
de coragem para ousar. Tivemos uma equipa governativa que não tentou
alternativas, não moldou o guião de outros interesses mantendo o inevitável. A
criatividade é bem-vinda num país tão vigiado pelas instituições europeias e
financeiras. Qual o risco e quem vai votar?
Passos eliminou a crença na supremacia da acção política em favor da supremacia da acção financeira e deixou a economia para segundo plano. Assim não se paga, troca-se e acumula-se empréstimos, dívida. Provocou uma grave crise de identidade até entre os militantes e simpatizantes social-democratas. Com a saúde, a segurança social e as reformas também eles hesitam. Passos não entende que se respeitar a ideologia do PSD, haverá um capital de confiança e um eleitorado fixo, independentemente das qualidades ou não do líder.
O PSD precisa de orientação política. O desnorte nos argumentos, onde Passos se emaranha com explicações e perde, é sintoma das decisões avulsas de outros.
Passos eliminou a crença na supremacia da acção política em favor da supremacia da acção financeira e deixou a economia para segundo plano. Assim não se paga, troca-se e acumula-se empréstimos, dívida. Provocou uma grave crise de identidade até entre os militantes e simpatizantes social-democratas. Com a saúde, a segurança social e as reformas também eles hesitam. Passos não entende que se respeitar a ideologia do PSD, haverá um capital de confiança e um eleitorado fixo, independentemente das qualidades ou não do líder.
O PSD precisa de orientação política. O desnorte nos argumentos, onde Passos se emaranha com explicações e perde, é sintoma das decisões avulsas de outros.
Com este quadro, Passos elaborou listas onde os
candidatos tacitamente se comprometem a renunciar ao mandato se divergirem das
orientações do PSD nas votações da A.R (Conselho Nacional 10 Julho 2015). Não
sendo imposição, sabemos bem o que significa. Perdeu-se a noção da
representatividade dos eleitores, basta que seja definido pelo futuro Grupo
Parlamentar. Com esta predisposição, ter experiência em coligação será um
desalinho certo quando já não enfiaram o Barreto. Assim nasce a mordaça dos
lobbies. Vamos votar para aniquilar a democracia representativa? Facilitando
quem não respeita a Constituição? Não se deve abrir precedentes. Política sem
liberdade será um despotismo insuportável. Vamos de autonomia cambada para
vergada e sem opinião na A.R.? Quiçá com 4 ou 5 deputados com voto condicionado?
Imiscuir mais Passos nas decisões que a autonomia nos confere é enfiar-se num colete-de-forças
que já foi provado.
Os portugueses deixaram de escolher um candidato para
lhes dar uma solução global, essa é a via do arrependimento. Votam cirurgicamente,
em consciência e não toleram armadilhas.
Cirurgicamente? Se as sondagens irritam, trocam as voltas
pois as suas vidas não são de certezas. Se o banco lhes foi desonesto, votam na
Mariana para sentir o prazer de trucidar o salpresado mas espreitando o aguenta-aguenta.
O ar impávido de Passos vai além da verdade? Votam na Catarina, porque faz roçar
os dentes. Levam as regalias sociais básicas, aplicam o camarada Jerónimo. O
Tribunal Constitucional safa algumas regalias? Distribuem a votação para evitar
uma maioria de 2/3 no arco da governação
e a consequente revisão constitucional. Detectam candidatos que vão representar
lobbies? Afundam-lhes a votação. Alguns até votam no Passos, desde que o
Pacheco e a Ferreira Leite passem o dia a rachar lenha.
“Somos um partido de esquerda não marxista e continuaremos a sê-lo.”
Palavras de Sá Carneiro, em 1975, convicto de que o fim da política residia na pessoa humana. Os argumentos do actual PSD estão a deixar este espaço vago, por isso o PSD tenta coligado quando antes era possível só.
Sem paz, pão, POVO e liberdade, Portugal não existe e o PSD também não. O povo anda à procura de humanidade na esquerda, não importa se marxista. Afinal governar para eleições faz todo o sentido e ir votar também.
Quem estima ser sucedâneo deve aprender com a ante-estreia.
“Somos um partido de esquerda não marxista e continuaremos a sê-lo.”
Palavras de Sá Carneiro, em 1975, convicto de que o fim da política residia na pessoa humana. Os argumentos do actual PSD estão a deixar este espaço vago, por isso o PSD tenta coligado quando antes era possível só.
Sem paz, pão, POVO e liberdade, Portugal não existe e o PSD também não. O povo anda à procura de humanidade na esquerda, não importa se marxista. Afinal governar para eleições faz todo o sentido e ir votar também.
Quem estima ser sucedâneo deve aprender com a ante-estreia.
Diário de Notícias do Funchal
Data: 24-09-2015
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