sábado, 25 de junho de 2016

Brexit: a esperança para novos caminhos

Brexit é um terramoto em toda a linha do pensamento único da política europeia pelo não respeito da diversidade que existe na Europa e o berço que somos. Significa sobretudo a saturação do “tem que ser assim” ordenado por poucos. É o resultado da falta de solidariedade e de crescimento harmonioso para todos, factual numa Europa a 3 velocidades e a caminho da marcha atrás. Da história deve-se retirar ensinamentos e aplicar.

O Brexit significa desconfiança sobre os  burocratas da Europa que querem sempre a gosto e resolvem in extremis, com a corda bem esticada, nas reuniões pela madrugada dentro quando se vence por cansaço e não por argumentos. Quando se pensava que este seria o limite, eis que surge uma nova versão do in extremis, hoje pretende-se um novo referendo no Reino Unido quando se votou ontem. É a versão polida das situações terceiro-mundistas onde, em eleições livres, não se respeita o resultado. Hoje contam com a tradicional queda dos mercados mas também da Libra, da activação dos planos de contingências das empresas e do efeito de contágio nas realidades nacionais e regionais reprimidas. Os verdadeiros esclarecimentos sonegados em campanha surgem agora mas, a suprema verdade é a realidade na casa de cada um.


O mito da saída foi quebrado, o estigma de ser banido e de parecer incompetente ou fraco desvaneceu-se. Afinal sair está ao alcance de todos, apesar de todos os dissabores. Os cínicos, que se aproveitam de países corruptos e subservientes para realizar fortunas contra os seus povos, mantendo o sistema de colete-de-forças onde ninguém pode dizer a verdade porque será linchado, devem acabar. A democracia deve ser respeitada na UE. Quem impõe políticas erradas e de irresponsável sectarismo deve demitir-se, está a destruir a Europa.

A mesma mania política que colocou o Reino Unido fora da UE existe na Madeira. Quem pensa que o assunto do dia é um problema longínquo está a assistir aos fundamentos da sua queda: a ausência de mérito, a destruição da selecção natural, o não respeito pelo eleitor, a submissão a oligopólios, o secretismo das políticas, os eleitores ao serviço do pagamento dos erros dos poderosos, etc. Todos os casos que derivam as políticas para todos resumidos à conveniência dos privilegiados de sempre.

O Brexit mete medo, traz confusão, podemos perder num dia décadas de construção europeia mas aprenderemos a lição? Muitos vivem da conjuntura agora exposta. Precisamos de estadistas em cada país como crivo de qualidade na escolha dos dirigentes da União, acabe-se com os amiguismos e os grupelhos a mando. Este é o desafio.


Diário de Notícias do Funchal
Data: 25-06-2016

Página: 14
Link: Brexit: a esperança para novos caminhos

Clique por favor para ampliar o recorte de imprensa:


segunda-feira, 6 de junho de 2016

2019 Odisseia pró Cagaço

om o crescimento dos navios de cruzeiro, devemos entender que há uma clara pretensão de colocar propulsão em resorts para navegar por mais facturação mantendo os passageiros entretidos a bordo. Por esta razão a publicidade dos navios de média/menor dimensão enaltece o tempo nos destinos. Se os navios estão em trânsito para uma nova temporada, a prioridade é chegar ao “hub” para naturais adaptações à área geográfica, algumas vezes com doca seca. O Funchal pode perder a sua importância geográfica, basta que a indústria dos cruzeiros altere a abordagem ao negócio, o que vem sucedendo. Por outro lado, a última oportunidade para embarque ou desembarque de tripulações e seus familiares, em direcção às Américas, vem ocorrendo em destinos garantidos na operacionalidade dos aeroportos próximos.
Nesta indústria a experiência conta muito até porque está em adaptação permanente às realidades portuárias e aos nichos de mercado. Deslocar a promoção do Porto do Funchal para uma matriz comum do turismo provoca o afastamento dessa experiência para delinear uma estratégia. Porquê contrariar a lógica? Não confundir a qualidade dos quadros com a orgânica.
Após a representação da Madeira no Cruise Shipping Miami, o secretário da tutela estava irritantemente optimista com os resultados alcançados, só não disse quais, seria arriscado quando nem rumo se conhece, a casa está por arrumar. A APRAM por definir em penoso desperdício de tempo; o bolorento assunto dos portos por estudar atirado para 2019 (quando não havia dúvidas na campanha); os casos de promoção sectária por corrigir; os fundamentalistas a destruir o nome do porto; lobbies a desrespeitar certificações; navios de cruzeiro a passar pelo norte da ilha, sem escala no Funchal, a fundamentar a quebra de 6,5% no porto nos primeiros meses do ano. Só com cruzeiros, estão a perigar receitas acima dos 40 milhões/ano em escalas de navios, seus passageiros e tripulações.
5 Maio 2016: Brilliance of the Seas navegando a norte da Madeira sem escala no Funchal.
Entretanto, o acessório no Porto do Funchal é rei, o desconexo em colisão com o prioritário. Por exemplo, dotá-lo com um processamento de bagagens para garantir a segurança e expurgar os ilícitos do ferry é mentira, quando até existe uma unidade móvel com scanner por rentabilizar e a empresa do ferry recebe o título de excelência Trip Advisor. Estamos na “melhor” ilha do mundo promovida por Ronaldo, com turismo secular nalgumas nacionalidades perseguidas, a notoriedade não nos falta e tem reverso da medalha, desperta maus apetites. Vamos ter fé de novo na localização geográfica?
Alguns apontamentos:
-  O molhe principal do Porto Santo tem 285 metros, composto pelo cais 1 com 90mt (fundos de -6,5mt) e o cais 2 com 195mt (fundos de -7mt). Passando por cima dos erros métricos da APRAM, o regulamento diz, na prática, que só podem atracar navios até 150mt, cativa-se para todo o sempre uma parte para o ferry de 112mt, mesmo às Terças-feiras de descanso e às Sextas-feiras com partidas ao fim da tarde no Funchal. O Porto Santo pode se dar ao luxo de não promover esses dias nas épocas altas dos cruzeiros? Dá para perceber o insucesso mesmo oferecendo o Porto Santo com a escala no Funchal? Ainda assim, arranjam confusões nas raras escalas confirmadas, como a do Voyager no dia 1 do corrente mês à espera de cais.

- No Terminal Sul do Porto do Funchal, algo similar sucede com o designado Cais 1 de 160mt, que se situa na zona da rampa ro-ro e do molhe. Não tem certificação ISPS (International Ship and Port Facility Security Code) o que impossibilita a atracagem de navios de cruzeiro em dias de maior afluência ou de conveniência pelo estado do tempo. Com o novo Cais 8 inoperacional e com a tendência de condicionamento do Cais norte, na ausência diurna do ferry, essa secção de cais não pode ser usada para os navios de cruzeiro?
- Com a recente pretensão do novo hotel no Cais Norte em instalar uma cisterna de gás, estivemos na iminência de perder um cais acostável requalificado com a anulação da sua certificação. Pasme-se, existe a vontade de limitar o seu uso para não incomodar, demonstrando que a proliferação de actividades descontextualizadas no porto é uma Caixa de Pandora. O governo promove ou não sustém a voracidade dos lobbies, ambos não percebem que estão a precipitar o porto para a transgressão das regras internacionais. Estamos a satisfazer apetites que trocam os milhões da indústria dos cruzeiros pela satisfação de meia dúzia que não gosta de pagar. Construir cais à louca ou requalificar para prevaricar nas certificações resulta exactamente no mesmo. O paquete Funchal como hotel era autónomo e não dava confusões, fica a lição. Assistimos aos mesmos registos de sempre em vez de abrir uma nova era. Curiosamente, digo-o no Dia “D”.


Diário de Notícias do Funchal
Data: 06-06-2016

Página: 9
Link: 2019 Odisseia pró Cagaço

Clique por favor para ampliar o recorte de imprensa:


terça-feira, 3 de maio de 2016

Empichamento

solidariedade que o CINM e os interesses da Madeira exigem ao nosso estatuto de madeirenses deve ter moeda de troca. Seremos responsáveis evitando o desemprego e o colapso da sustentabilidade das contas públicas regionais mas, cada um de nós não quer mais ser enxovalhado por oportunistas que levam lucro sem deixar imposto, pressupondo que é tudo lícito. Precisamos de mais informação, transparência e fiscalização.

O silêncio que nos pedem foi durante anos exercido pelos madeirenses, observando as actividades duvidosas dos “apêndices” bancários no CINM na folia dos objectivos ou da limpeza das contabilidades. Também não esquecemos como muitos PEP (Politically Exposed Person) usavam e abusavam das facilidades do então offshore, numa promiscuidade que misturava os interesses pessoais com os públicos, e de como políticos surgiram em cargos bancários. Tínhamos uma 1ª Divisão a olhar com desdém para a Divisão de Honra, os que seguram o sistema pagando impostos.

Na defesa do CINM, o principal argumento usado é a aprovação do IV Regime de benefícios fiscais, em vigor desde 2015, onde deixamos de ter serviços financeiros associados e se quebrou o estigma de offshore. Teoricamente, teríamos empresas com estrutura operacional, actividade, activos corpóreos ou incorpóreos, mas sobretudo postos de trabalho reais na Madeira. Em contraponto, os detractores do CINM assentam a sua argumentação no passado, onde houve chafurdice e os Panamá Paper’s nos podem dar uma amostragem documental. Invocar o facto do CINM ser balizado pelas instituições nacionais e comunitárias, faz-me lembrar como a banca no nosso país tinha órgãos reguladores e supervisores que falharam repetidas vezes. Só por si não são garantia porque vivem da amostragem. O secretário das finanças em vez de falar de hipocrisia deveria exercer a Autoridade Tributária com o mesmo escrutínio com que trouxe o bullying fiscal às famílias. Onde está a equipa especial de inspecção tributária com formação para as actividades do CINM? A ousadia de alguns, mesmo nos nossos dias, vai revelar-se mais pela falta de trabalho do senhor secretário do que propriamente pelo actual enquadramento legal do CINM, por alguma razão.

O colaborador nos calotes e secretário da dupla austeridade ainda não se disponibilizou para averiguar, até às últimas consequências, os delinquentes financeiros promotores das fugas aos impostos na região por via do CINM. O momento prova que é forte com os fracos e fraco com os fortes. Um bom político não perderia a oportunidade para inverter a sua imagem e expurgar o CINM de suspeições. É um risco?

A mudança de mentalidade oriunda da falência do país e da vivência em austeridade, associada à real falta de fiscalização, empurra os reduzidos quadros das redacções do Panamá Paper’s a produzir efeito, desejosos de uma explosão piroclástica. A 1ª Divisão de outrora acobarda-se e deseja parecer da Divisão de Honra, o receio apoderou-se dos cerca de 4000 casos detectados na nossa praça. A tranquilidade tende a acabar. O povo, com a sua sabedoria, vai lembrando que o CINM é (foi) o Telexfree dos milionários da Madeira Nova porque outros não conhece, uma clara falta de trabalho político e de fiscalização. Quem não quer ser lobo não lhe vista a pele.



A opinião pública, de silêncio solidário, conclui que tínhamos futuro colectivo, mas que uns quiseram-no só para si. O passado inquina o presente e nunca há justiça. Se houver absolvição nos ilícitos do então offshore, por via moral ou política, aceitaremos, por exemplo, que os advogados executam trabalhos às cegas e se tornam cúmplices, por infortúnio, de uma roleta russa que acertou no cliente errado ou que são meros acompanhantes escort. Nunca prostitutas?

As ondas de choque despertaram os madeirenses para o facto do Objectivo 1, que perdemos, valer 3 vezes mais em fundos do que a colecta de impostos do CINM, onde a Moody’s facilita a “fuga” recebendo pagamentos para elevar o rating de empresas enquanto a austeridade intransigente e os ratings matam a República de todos. Ao desvario governativo e à banca juntou-se a fuga massiva aos impostos para consubstanciar a falência do país. O Objectivo 1 é a nossa realidade, capaz de ser mais solidária a derramar por todos mas também queremos ter a nossa cana de pesca.

Despertamos há pouco para a política brasileira com ar de superioridade mas diferimos só na exuberância e na impetuosidade que é substituída por conversa mole para enrolar incautos. Se eles estão no impeachment, nós estamos no “empichamento”, não destitui mas dá umas vergalhadas que até dançam. Liberte-se do silêncio que traz miséria. Se sabe, denuncie às redacções. Não sei que recanto de sonho terão alguns quando o mundo se tornar num inferno social.

Não sabemos se lavou ou lava jato, iate, carro, quinta ou simplesmente numerário mas suspeitamos. A defesa do CINM é legítima, o que não sabemos é se defendem o seu ou o nosso, por isso deve haver permanente fiscalização no interesse dos contribuintes. Acabe-se com os amiguismos, o omisso e não sigamos o Manual para Totós, dos que alteram e viciam as regras para serem vencedores na vida, já temos sarna suficiente.


Diário de Notícias do Funchal
Data: 03-05-2016
Página: 10
Link: Empichamento


Clique por favor para ampliar o recorte de imprensa:

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Dormindo no Expediente

stamos no defeso eleitoral, propício a atrocidades políticas a eleitores e militantes, a tempo de serem apagadas da mente para iniciar novo encantamento. Por ora vamos descobrindo que a competência afinal era incúria, que a presunção e a soberba andaram a parir asneiras, que a uxa e o uxo, a ita e o ito, a inha e o inho se vão safando na vida ultrapassando a decência. Que a tita arranja emprego e os ex-governantes também, em interesses antagónicos. Que nada é imputável e tudo é discutível. Que imenso bordel.

Estamos na normalidade democrática, o que sempre vimos, ou tanga ou cuecas, e não num novo ciclo pois, a existir, nem os chineses aguentam e vão fechando. O tempo para o eleitor é linear e tende a colocar como avalista o actual governo regional sobre os erros do passado que não se resolvem. Insistentemente pregou calote, retirou a vida às pessoas mas não sabe devolver. A máquina está de extremos, ou verde ou obsoleta ou arrogante. Chegaremos a novas noites eleitorais onde se comentam votos, abstenção, vitórias ou derrotas mas ninguém verbaliza a cada vez maior dificuldade dos eleitores em escolher. A democracia por alguma razão entrou na era da dispersão de votos à custa dos partidos tradicionais de poder.


Em dia de petas, arranca em Espinho(s) o congresso do PSD nacional sujeito às teimosias de Pedro, o ultra-liberal factual com o provocador slogan “Social-Democracia Sempre”. Heresia! Se juntarmos a isto as sinistras inscrições de militantes que tornaram Aveiro maior do que Lisboa, concluímos que tal como Pedro moldaria a Constituição ao seu interesse, a democracia interna funciona como deus no Daesh, a legitimar. Menorizar a democracia é um erro enquanto crivo da qualidade.

Depois de alcunhar de geringonça o resultado de quem soube negociar, Pedro cria uma caranguejola para não ir embora, prefere o orgulhoso desastre, não sabe servir o PSD. Marcelo absorverá o protagonismo da direita, com uma Cristas que não convence. O momento é perfeito para ser o Presidente de todos os portugueses com um chefe do executivo de outra cor política mas, bem mais social-democrata, com o apoio de BE e PCP. A geringonça está para durar e os timings da caranguejola de Pedro, mesmo depois de muito manobrar, são um fiasco. Havendo Pedro, toda a geringonça reza em uníssono o vá de retro. Em suma, o congresso será um flop e a Madeira beneficia com o novo governo e o novo Presidente.

Por cá não estamos melhor, o PS necessita de credibilidade para além das cotoveladas, se quer ser alternativa e alternância, deve angariar e formar quadros em quantidade e qualidade no defeso, sem tiros nos pés em cima dos actos eleitorais. O CDS deve passar a ser da família madeirense e não de qualquer outra bem mais pequena, com lobbies ou interesses pessoais. Do PCP e do BE não falo, estão estáveis, algo curioso nos que têm o estigma de radicais. Os restantes facturam sempre.

Quanto a quadros, o PSD desperdiça apostando em pára-quedistas que demonstram a total deslocação política e a falta de experiência governativa e partidária. Pragmaticamente, a oposição só ganharia em se abastecer no PSD, com a natural compatibilidade ideológica. O eleitor quer os melhores, o fim dos “yesmen” e dos que rasteiram quando outros querem trabalhar, quer “panzers” com algumas rugas de expressão genuínas, cientes do momento sem privilégios. As contingências na vida de cada madeirense torna-o intolerante pois vive em equilibrismo constante e o governo ainda não chegou às suas casas, principalmente com a saúde e a promoção de emprego. Por lá só viram o terrorismo fiscal implícito nos orgulhosos resultados das desumanizadas finanças. Haverá retorno, não do imposto, do eleitor.

Estamos em transição para uma era de maior exigência, com resultados mais repartidos fruto da saturação dos eleitores que andam deveras defraudados. Teremos no futuro uma nova lição de responsabilidade governativa à esquerda, desta vez na região? Um processo similar ao do Governo da República poderá ocorrer por cá, nunca foi tão plausível mas a oposição dorme no expediente.

De supostamente rural, por ali suster o poder, o PSD passou a urbano, onde colhe menos apoios, das 7 urbes da Região Autónoma da Madeira só uma é sua. Paremos para pensar, o favorito Marcelo recolheu 46% dos votos no Funchal, com PSD e CDS juntos (nas Regionais o PSD sozinho obteve 42,29%). Não quero entrar na discussão de eleições incomparáveis, só me quero fixar na popularidade de Marcelo com PSD e CDS juntos e os votos que renderam. Quem virá capaz de ganhar a confiança do eleitorado nas autárquicas? Começo a achar que a ignição de um novo ciclo político depende mais da inteligência da oposição e dos seus azedumes.

O futuro dirá mas, o “novo” PSD-M teve o seu melhor resultado nas últimas regionais com todos os interesses expectantes a dar o benefício da dúvida. Passado um ano da eleição, a imagem pública fixou-se nos anúncios e nas iniciativas que se reformulavam. Alguém vai ter que correr, ou o governo ou os pretendentes.









A oposição regional actua na expectativa, decide “em função de”, terá que tomar as rédeas do jogo para não ser surpreendida pela realidade. O eleitor não quer mais “estágios remunerados” de quem chega impreparado e que usa o mandato para aprender em vez de produzir efeito na sociedade. Não se inventam governantes mas formam-se ao longo dos anos no seio dos partidos, em graus de exigência menores. Tudo isto é pervertido pelo fraccionamento dos partidos nas disputas internas que concretizam o desperdício de quadros por não saberem unir. Malditos egos, raios os partam, andamos sempre com as fracções da lotaria. O sucesso deve basear-se no mérito, o eleitor quer ver argumentos para consubstanciar a alternância.

Diário de Notícias do Funchal
Data: 01-04-2016
Página: 10
Link: Dormindo no Expediente


Clique por favor para ampliar o recorte de imprensa:



segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Política Paisagística? Assine já!

stá a terminar o prazo da petição sobre a volumetria do novo Hotel Savoy. Não é contra o hotel, é contra o tamanho, em protecção do emprego que existe e em respeito pelos outros hoteleiros que veneram a paisagem.

Segundo a acta camarária 6/2009, o projecto foi aprovado por maioria com uma notada falta do vereador-funcionário do promotor, acompanhado pela ausência momentânea mas pontualíssima do rato do sistema na votação. Recebeu votos contra do PS e da CDU. Tudo perversamente legal, fundamentado num Plano de Urbanização do Infante que caducou e se esqueceu das regras superiores do Plano Director Municipal e do Plano de Ordenamento Turístico. Na altura, parece que não conheciam monumentos ou espaços classificados. Assim, o Savoy abre novos precedentes depois de ter usufruído de outros. A licença de construção dá direito a uma indemnização como prémio de “jogo” em caso de derrota. Nascerá com o habitual obscurantismo que tende a acompanhar sempre os mesmos. Ter poder ou dinheiro é uma responsabilidade, não um salvo-conduto.

Ao menos traz emprego? Claro que sim! Depois de construído faz sombra, disputando quadros credenciados ou com experiência, em seguida socorre-se do desemprego. A realidade volta ao mesmo com novos desempregos nos 3 e 4 estrelas pelo dumping para encher o gigante. Só falta o “all-inclusive” para não derramar sinergias na restauração local.

O Pestana Casino Park é um irritante vizinho. No atrium estão os manuscritos de Óscar Niemeyer, comprometido com a qualidade e o respeito pelo meio envolvente. Nele há até reparos às autoridades de então, coisa impensável nos nossos dias ao serviço de um promotor:

“O projecto de um hotel na Ilha da Madeira apresenta uma série de problemas fundamentais. Primeira, as características do lugar, a beleza da ilha, seu aspeto pitoresco e acolhedor, que cumpre proteger. Segundo, os problemas que daí decorrem, problemas de gabinete, escala, visibilidade, etc.

Trata-se a meu ver de problemas tão importantes que ao redigir esta explicação, sinto-me obrigado a abordá-los, advertindo as autoridades locais da conveniência de estabelecer medidas de protecção paisagística: fixação máxima de gabinetes, 4 pavimentos, inclusive "pilotis", para os prédios de apartamentos; e 8 pavimentos, inclusive "pilotis", para os edifícios especiais (hotéis, etc) que o turismo exige. Proteção indispensável do panorama nas avenidas que contornam os morros, evitando nas mesmas, construções que possam cortar a visibilidade (Des. 1), o mesmo acontecendo com os edifícios mais extensos que não deverão, depois de construídos, constituir como que um muro contra a cidade (Des. 2). Óscar Niemeyer. Paris, 22 de Junho de 1966.”

Croquis nos manuscritos de Óscar Niemeyer. Amplie.

Arquitecto Viana de Lima
A “escola” de mérito Niemeyer venceu e foi implementada por um seguidor, o arquitecto Viana de Lima. Desenvolvimento não é volumetria, é harmonia, sempre. A Madeira vende paisagem e, por consequência, a hotelaria usufrui dela. O Savoy terá o dobro do máximo sugerido por Óscar Niemeyer para a nossa paisagem, estamos a trocar as ideias, vamos vender hotelaria. A Madeira está a escolher o tipo de turismo que quer e o preço que deseja cobrar. Os inimigos não são externos, aliás, o terrorismo tem encaminhado novos turistas para o nosso destino.

Quando os grupos internacionais da hotelaria despertarem para a região, vão querer um hotel igual ao Savoy, o precedente está aberto. O que irão responder a essa pretensão? Deveríamos estar a trabalhar para ser paisagem património mundial, lucrávamos mais, em vez de caminharmos para Benidorm. O turismo da Madeira não é de imensos resorts com a pulseirinha para não sair do hotel, é de deixar a mala e partir à descoberta dos valores patrimoniais naturais e culturais que “vivem” neste secular contexto paisagístico de ambiência pitoresca. De descobrir a singularidade, a raridade e a originalidade da Pérola do Atlântico no mundo globalizado.

Cabe ao madeirense participar na opinião pública que zela pelo verdadeiro interesse da sua terra. O seu tradicional medo, calculismo ou ilusão de benesse geram sucesso nos prevaricadores. Vai a tempo de assinar a petição para que haja um debate sério na ALR: http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT79514

Sobreposição dos hotéis vistos do mar. Cobertura integral da paisagem. Amplie.
Diário de Notícias do Funchal
Data: 29-02-2016
Página: 7
Link: Política Paisagística? Assine já!


Clique por favor para ampliar o recorte de imprensa:


sábado, 6 de fevereiro de 2016

Nova peça de teatro em nova temporada

O OBSERVADOR é uma imitação de órgão de comunicação anglo-saxónico com interpretação política definida e constante que condiciona a informação e a opinião. Está no seu direito, cabe aos leitores avaliarem o crédito.

Passos Coelho nunca será social-democrata, mentirá o que for preciso para chegar ao poder e depois de lá estar voltará ao mesmo. Não estou a dizer nenhuma novidade, depois dos últimos quatro anos. Com ele, o "social" deveria cair da sigla do PSD e o "democrata" deve ficar bem ténue atendendo ao seu entendimento sobre a constituição, ao tratamento corporativista do partido em vez do respeito pela democracia representativa mas, sobretudo, porque quem lhe deposita o voto não fez mais do que o seu dever para pessoa tão importante. Soberba e arrogância.

Passos a caminho da reeleição. Por fim a social-democracia?
Encontrará tecnocratas para fazer coro, sobretudo os que precisam de alimentar o sucesso, todos eles a berrar para tentar fingir número. Os resultados eleitorais do PSD nunca foram tão pequenos e hesitantes. Se o PSD mantém Passos Coelho sem o CDS vai ser o desastre porque ninguém acredita neste repentino baptismo na social-democracia. Há muitos social-democratas, suficientes para uma maioria absoluta, cai para menos de metade os que são do PSD, deste PSD. Passos Coelho está a dizer o que as pessoas querem e gostam de ouvir mas, esquece que também destruiu a vida a social-democratas com a austeridade estúpida.

Neste momento, os tecnocratas vêm buscar os votos e o poder às pessoas. Por incrível que pareça esses malditos votos ou apoios não saem da folha de excell, da Merkel, dos mercados. Que descoberta tão tardia para gente que se arroga sempre mais inteligente. O PSD está em crise de identidade por fraca geração de lideres e vai piorar. O PSD está em crise de resultados porque odeia social-democratas.
A celeridade com que o PSD-M aderiu à candidatura de Passos Coelho, sem esperar para ver se há mais, indica que é convictamente da mesma estirpe e isto vai dar muito errado.

Uma coisa é a arrogância de entenderem que têm sempre razão, outra coisa é a azia da realidade. É assim que ficam furibundos numa atitude mal formada do quero, mando e posso.

O insucesso é a austeridade do PSD, estranho que não goste.

O PSD ao perder a razão não hesita em atrapalhar os destinos do país metendo areia em todas as engrenagens possíveis. Estamos sempre a ver, fica registado.

O OBSERVADOR distraiu-se na foto, para condicionar a realidade é necessário a máxima atenção. O pai de Passos Coelho também não é deste PSD.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Doca Seca

solução com navios porta-contentores onera o custo de vida e de produção na região devido à cadeia de infra-estruturas e serviços operacionais que culminam com a inflação de preços. Os ferries alcançam uma eficiente integração intermodal com redução de custos, tempos de viagem e autonomizando a estiva com os clientes. Estivadores em greve não interferem na operação ferry. No momento em que se discute um ferry, deveríamos abordar a reconversão de toda a solução para ferries e, pelo suporte do negócio da carga, teríamos 2 ou 3 rotas com o Continente a receber passageiros durante todo o ano.

Os apoios comunitários nos projectos TEN-T colmatam lacunas entre as redes de transportes dos Estados-
Membros, com 80 a 85% a fundo perdido no desenvolvimento de portos e plataformas multimodais. Podemos modernizar o Caniçal e o Funchal contemplando soluções para ferries. É possível corrigir obras inserindo-as como infra-estruturas vulneráveis às alterações climáticas, catástrofes naturais ou provocadas pelo homem (Cais 8 e sua influência no porto), se houver capacidade financeira para o remanescente. Ficaríamos integrados na rede transeuropeia de transportes e focados na redução do CO2. Existem exemplos com portos no QREN a observar.

O resultado da recente consulta (link com download) do governo sobre o ferry determinou que o desfecho será o serviço público, esgotando o argumento da viabilidade e indiciando que a República se tem esquecido de nós. Somos das últimas ilhas da Europa sem ferry com ligação ao continente. A Grécia, por exemplo, tem 227 ilhas habitadas servidas por 139 rotas de ferry e exploradas por 25 companhias privadas gregas.


Conhecida a falta de soluções ferry em Portugal, e atendendo a que decorrem reuniões com as RUP (Regiões Ultra Periféricas), o Governo Regional deve sensibilizar o lobby ultraperiférico a participar na estratégia legislativa marítima da Comissão Europeia de Transportes que está a ser desenvolvida para o “2017 European Maritime Year”, garantindo apoios futuros à sua condição no seio da UE.

Entretanto, o Governo Regional poderá aplicar o modelo Blue PPP (joint venture entre uma empresa privada e uma entidade pública) desde que compatível com as regras relativas aos auxílios estatais para projectos não comerciais e carentes de apoio como é o caso das ligações de ferry sob serviço público.
Paralelamente, devemos acompanhar a resposta da UE aos Açores relativamente à construção de 2 ferries. O impacto destes na economia do arquipélago estima-se em 10 vezes superior ao esforço exigido ao orçamento açoriano para a sua construção.

Em 1978, num desafio idêntico à linha Madeira - Continente (M-C), arrancavam as ligações regulares entre a Madeira e o Porto Santo, de modo a nivelar o desenvolvimento económico, turístico, cultural, etc. A operação, sob exclusiva responsabilidade do Governo Regional, durou 17 anos (1978-1995) e desde 1995 prosseguiu com um privado. A linha assumida como deficitária promove rotinas e desenvolvimento imensuráveis, estamos num excelente mês para o comprovar, um "déjà vu" de 1978. A Madeira vive o seu momento de “Porto Santo 1978” em 2016.


A nossa abordagem à linha M-C deve estar dirigida ao arquipélago habitado. A nova operação deve fazer uma escala no Porto Santo para permitir que, entre a Ilha Dourada e o Continente, haja uma ligação directa de pessoas e bens, dotando a dupla insularidade de um crescimento sem interposições. As ligações Madeira - Porto Santo continuariam exclusivas do armador actual, com uma excepção. Neste mês de Janeiro poderia requisitar o serviço da nova linha para colmatar parte do serviço na ausência do seu ferry em doca seca.

A aposta de um privado num mercado livre, suportado pelos princípios consagrados na ordem jurídica comunitária (origem do nosso Decreto-Lei nº7/2006 de 4 de Janeiro), abriu os olhos aos madeirenses através do Armas. Com a legalidade e a operação conquistada, foi o corporativismo que nos destruiu a solução. Uma Secretaria sem pulso fez o resto, não salvaguardando os verdadeiros interesses da região. Os efeitos desse momento subsistem até aos nossos dias como estigma sobre a Madeira em potenciais interessados na linha. O Governo tem cara por lavar.

Tivemos 6+1 curiosos na consulta, observando se a eventual operação será um caso de tribunal atendendo aos precedentes com o Armas. Ainda assim, estão tentados pelo risco zero do Serviço Público. Falando com alguns dos armadores, ficamos abismados com o grau de minúcia na descrição da nossa realidade (contratos, serviços, preços e abusos) e ainda dos jogos de influências sentidos com o arranque da consulta. A perspectiva mais abrangente sobre a nossa conjuntura está na posse dos armadores estrangeiros. Acreditam na boa fé do Governo Regional e elogiam as condições oferecidas mas, deixam-se ficar porque não querem chatices. Precisamos de um concurso competente.

Para os moralistas da despesa, umas contas com o último deficit anual do Armas. O Jornal da Madeira
mantém a linha deficitária M-C durante 10 anos. A Marina do Lugar de Baixo, 20 anos. O Cais 8, 5 anos. A indemnização da inspecção automóvel, 4 anos. Quanto à República, fazemos as contas com o salvamento de bancos ou “privataria”? Isto é competitividade e economia, não é orçamentalismo cego, muito menos obra sem utilidade. Sendo deficitária cortamos a linha do Porto Santo?

O povo conta com a promessa eleitoral, sabe que a solução esbarra com os interesses instalados do oligopólio da carga marítima e observa o Presidente do Governo entalado com os desaires nos transportes. Os madeirenses aguardam varados por competitividade nos fretes, alternativas de transporte e a inovação adiadas em negócios que o ferry permite. É legítimo que cada um defenda a sua dama, é ilegítimo que um povo marque passo com as oportunidades sempre, e só, a gosto dos mesmos. Cumpre-se 4 anos de doca seca na rota Canárias - Madeira - Portimão.

Diário de Notícias do Funchal
Data: 27-01-2016
Página: 10
Link: Doca Seca


Clique por favor para ampliar o recorte de imprensa: