política madeirense é um Sudoku de
difícil solução, tem por prémio o acesso à zona de conforto do erário público.
A prostituição política é opção para chegar ao objectivo, os mesmos
protagonistas são capazes de estar em posições antagónicas que depois se
agrupam noutros interesses e novas coligações, sem deixar as primitivas,
pendentes de humores, egos e sobretudo “compras”. Grande orgia de argumentações
nas bocas erradas! O narcisismo comanda a política “profissional” que não serve
os interesses dos madeirenses, acagaçados com as receitas fiscais a cair,
empréstimos a surgir e obras anunciadas. A fórmula da dívida regressa para os
nervosos privilegiados do sistema que só estão calmos e dão conselhos presos à
teta.
A Reconversão, ex Renovação, rendeu-se ao
Jardinismo enquanto opção para tentar perdurar, usando ídolos e argumentações
passadas nas sessões psiquiátricas que medeiam a derrota pesada e a compensação
dos derrotados. As guerras internas regionais são hoje uma paródia que se disfarça
com as internas nacionais onde dois candidatos veneram Passos e misturam os
desavindos regionais invocando Francisco Sá Carneiro, a antítese da veneração.
A cabeça de lista da ex Renovação, que rasgou o passado e o legado na última
eleição à Assembleia da República, é mandatária do candidato nacional que pede
o regresso do PSD às origens, ao PPD de Sá Carneiro. Citemos o Chico, peste com
anedotas intemporais, cruéis nos nossos dias:
“O papel da comunicação social é o de uma força independente que tem de
se aferir por critérios de verdade e de serviço julgados em liberdade pelos
profissionais da imprensa”. Mau, mau!
Ofereceram o JM para fazer o mesmo?
“O nosso Povo tem sempre correspondido nas alturas de crise. As elites,
as chamadas elites, é que quase sempre o traíram, e nós estamos a ver mais uma
vez que o Povo Português foi defraudado da sua boa-fé”. Chico, partes a loiça
toda!
“Não há nada que pague a
sinceridade na acção política, como em tudo. A paz engloba a justiça social”.
Teu partido na Madeira vai com 32% de pobres e outros 32% a caminho com mais de
30 anos de investimento da UE que enriqueceu alguns.
“O Povo está farto de desordem, de anarquia e de projectos utópicos que
o matarão à míngua”. Ó diabo!?
“Sempre que há concentração de poderes abre-se a porta ao autoritarismo,
precursor da ditadura, aniquiladora das liberdades”. Tiro no porta-aviões!
“O fim principal do poder político é o serviço da pessoa. O Estado está
ao serviço da pessoa”. Mortal, estás vivo!
“A igualdade de oportunidades, independentemente dos meios de fortuna e
da posição social, é cada vez mais um mito, designadamente em sectores como a
saúde, a habitação e o ensino, onde tudo se degrada a um ritmo alucinante”.
Chico, “fumas”?
“Há que impor uma disciplina de actuação ao poder económico e dos
investimentos, para que ele seja feito em proveito de todos nós e não apenas
para os detentores desse poder”. Perseguição política, comuna!
“O PPD nunca foi um partido de patrões (...). Desde o início tivemos a
adesão de larga camada de trabalhadores que se têm multiplicado na sua acção de
implantação do partido”. Doloroso, preso na braguilha.
“Nós, Partido Social Democrata, não temos qualquer afinidade com as
forças de direita, nós não somos nem seremos nunca uma força de direita”. Dizem
que se destrói por dentro!
“Interessa que não haja elitismo nem classismo de qualquer espécie no
ensino não estatal. Nesse sentido a actividade fiscalizadora do sector público
terá de ser cuidadosa”. Citação para constar nas turmas públicas de elite dos
predestinados da Madeira.
Com este stand-up comedy as
imagens de Sá Carneiro vão chorar, de riso ou sofrimento? “O socialismo democrático, na Europa, enraíza
na ética cristã, no humanismo e na filosofia clássica”, vai daí, uma onda Jardinista copulou a Renovação e suspeito de sexo oral, andam
politicamente Calados enquanto uns eriçados de “conversa fiada” são vistos como
subordinados da política da qual estavam contra, razão que os fez ganhar em
2015. A geral, de chamada, vai chegando a todos os recantos do ora lembrado PPD
num asqueroso entusiasmo que se esquece do planalto revolto com mutilados da
crise, os que pagam os calotes com desemprego, falências, suicídios, emigração
e desterro de famílias, onde não houve segunda oportunidade. Deixar passar um
tempo não resolve as consequências perenes. Perante a orgia, os parvos no
silêncio observam os que ridicularizam os valores e a ética a usá-las para
atingir o albergue espanhol. Só falta adiar o jogo de Abril para Outubro, em
2019, dando mais tempo para ganhar no prolongamento ou nos penalties.
Num tempo
onde a política sem poder toureia a do poder e as vitórias e derrotas recentes
extinguem a bolha eleitoral, ver a independência imiscuída em assuntos
partidários é um erro. O capital político é etéreo, estamos vendo. E a Região
Autónoma de gente decente? Deixamos a ilha privada de condomínio fechado
à “máfia no bom sentido” excitada com mayday desastres venéreos de
iniciativa presidencial que, com amor, abraços e beijos, acerta no gémeo que
abre as portas do erário público à luxúria dos impérios? Da
solução do Sudoku conclui-se que só um clister nos pode salvar a flora
intestinal.
Diário de Notícias do Funchal
Data: 04-11-2017
Página: 30
Data: 04-11-2017
Página: 30
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