Governo Regional segue a pleno
vapor ultrapassando já um quarto da viagem dedicada à formação de impreparados,
atolados numa máquina viciada e com medo das sombras. A navegação deixa uma esteira
com vagas procelosas sobretudo às pequenas embarcações autárquicas do PSD-M, as
vítimas que se seguem, suspirando por vento de feição. Os novos pretendentes encontram
um mar de oportunidades, rezando por boas notícias do G.R. para não vacilar. Se
o PSD-M não tratar da imagem do seu governo, criará o mesmo efeito de contágio
das últimas autárquicas a outros aspirantes que vão dar a cara. Se o molde da
Geringonça chegar à Madeira e trouxer coesão, evitará a tradicional época de
tiros nos pés na oposição, por disputa de ambições. O apoio público de Costa a
Cafôfo é sintomático da importância que cada autarquia tem para o ambiente
político nacional neste mandato de trapézio que necessita de rede. A conjuntura
nefasta aos candidatos laranja das últimas autárquicas tende a repetir-se. Aos
que se perfilam como candidatos apetece-lhes muito falar mas estão no silêncio que
garante as boas graças. Por outro lado, a Renovação apercebe-se da exiguidade
de quadros credíveis para liderar candidaturas depois de não ter unido o PSD-M
no momento da vitória. A eventual migração de algum “general” para as
autárquicas será uma prova de fragilidade, sobretudo no Funchal. Um mal menor
perante a necessidade de garantir uma perspectiva positiva para as regionais.
Das cúpulas do PSD-M afirmam
“vamos ganhar as autárquicas”, legitimas aspirações mas é igualmente plausível que,
para além da avaliação do desempenho das câmaras e das juntas, as contas não
partam do resultado das regionais mas sim de uma nova avaliação que se
estabeleceu, fruto do defraudar das expectativas e da combustão do crédito
político. O PSD-M anda com um problema felino. Se prosseguir gatinho afunda com
os lobbies, se reaparecer leão emerge
no eleitorado. Porque é tão difícil optar? Os lobbies vão-se servindo em
condomínio gradeado, betonado, onde lhes der jeito mas o saldo com o eleitor é
negativo. A Renovação é observada como um desperdício de know-how (e momento) político substituído por formação teórica
servil, quase sempre oriunda das mais finas estirpes familiares, detentoras do
exclusivo da inteligência mas que não contam na hora da exigência eleitoral. Produzem,
tão só, a multiplicação de um elitismo desenraizado da realidade e das
urgências da sociedade. As redes sociais vão resolver tudo?
Foto: Diário de Notícias do Funchal |
Com quase metade do PSD-M
ostracizado por uma legítima fracção da lotaria, somam-se agora os “derrotados”,
acabando por dar razão a quem diz “o PSD não muda”. Não unir o PSD-M e pensar
na caranguejola, se acaso corre mal, é delicioso. Não aturam os seus para
aturar os outros com confusões piores. Uma “magnífica” imagem partidária para
os eleitores fazerem voto útil. Parece que o PSD-M da Renovação atira para trás
das costas as suas responsabilidades porque entende que nasceu só nas últimas
regionais e pretende seguir em frente com carne fresca, no entanto, o enguiço
não findou. As consequências da austeridade duplicada e do colossal calote são
sua herança também.
Os eleitores da Madeira olham
igualmente para a experiência nacional. O que temos? Saiu Passos e Cavaco, tudo
arejou. Era dos malhadeiros. Comandados pela dupla senhor feliz derrotado à
Câmara de Lisboa e senhor contente derrotado nas Legislativas Nacionais, segue
o país com um novo astral, ébrio de triunfos desportivos numa conjuntura
hesitante mas, a atitude do país mudou. A confiança pergunta o que vamos ganhar
a seguir, renasceu a autoestima para nos darmos ao respeito. Ousamos discutir
as sanções da injustiça e da dualidade fazendo respeitar a nossa democracia e o
sentir do país. Trouxemos alguma vitória e não só o habitual saco de
austeridade. Só se consegue com pessoas de mérito no quadro da selecção natural
porque tiveram nova oportunidade. Tudo isto persiste na cabeça do eleitor por
comparação, de momentos e de pessoas. As realidades misturam-se e formulam o
ambiente das autárquicas que decidirá o ambiente das regionais na Madeira.
O PSD-M vai a Passos largos de
repetir o que se está a suceder com o PSD nacional: descredibilização. Quando
fala não parece genuíno. Um Domingo depois da sua festa, os argumentos dos
discursos dissiparam-se com forte contributo de Passos Coelho. O PSD-M é na
democracia regional o toque de caixa, que se lembre da expressão “conforme o
toque, conforme a dança”. Em política, se o toque for ruim o resultado dança. O
PSD-M tem mais 3 momentos para usar e reverter a má tendência: uma remodelação
governamental, um congresso que precede as autárquicas e as próprias eleições
locais, contudo, sem argumentos na governação de nada valerão. O sinal entrou
no laranja, dar tudo no fim do mandato será tarde, tal como na saúde quando
cura chega depois da morte.
O Portugal que se une em torno da
Selecção mas também em torno da sanção, são bonitos episódios de conciliação
que destroem o dividir para reinar. Só não vence quem trabalha para a derrota
de forma obcecada. Precisamos de um PSD positivo, que se lembre da criação do
depreciativo Geringonça, agora uma bandeira que cada vez mais o ameaça, não
conta o nome mas sim o jogo. Com todos os “autocarros” na baliza o PSD, de lá
ou de cá, se não muda, continuará a sofrer golos.
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