ste artigo inspira-se na alegria de uma passageira ao ver a
sua mala a cair no tapete rolante do aeroporto do Funchal e a sua redobrada
emoção por vir ilesa. Um memorável feito da nossa aviação.
Há um “triângulo amoroso” entre a TAP, o “handling” e as
seguradoras. Por norma, a boa gente é “ultrapassada”, não estão munidos de
maldade suficiente para domar os ardilosos.
As mazelas nas bagagens denunciam que estas viajam mais por
via aérea do que os seus donos. A TAP sabe mas amplia o conceito de “dano
menor”. A TAP usa os limites da legislação para folgar as suas insuficiências
que crescem por não receberem atenção.
As reclamações com bagagens são liminarmente evitadas na
origem. O objectivo é tratar verbalmente e encaminhar o assunto para o e-mail
“fale connosco” que, deveria ser substituído por outro mais sugestivo como
“aguarde sentado”. As respostas não acontecem. É o terminus do processo onde
claramente se aborrece o passageiro com inércia para desistir.
Os mais viajados transmitem a sua táctica: “nunca desista se
tem razão”. Não deve sair do balcão de reclamações sem ter o registo do número de
caso. Em tempos, se você tivesse uma apólice de seguro precisaria desse número
para poder reclamar mas, chegamos à caricata situação dos seguros de viagem pouco
ou nada contemplarem as malas.
Recapitulemos …
Ao balcão das reclamações, logo no arranque da conversa, fica a saber que a sua mala, que não serve para outra
viagem, tem um “dano menor”. Incrédulo, insiste mas, nunca obterá um número de reclamação
sem algum esforço. Quando entra no impasse, o teatro acaba. Quem o atende e
toda a fila quer “despachá-lo”, sente-se tacitamente derrotado. É aí que entra
o “fale connosco”, a saída airosa e sem consequências das reclamações na TAP.
Se você acaso é mais vivaço e insiste, desde logo aparece a segurança para o intimidar,
supostamente por alvoroço. Olham para a etiqueta a ver se é extra comunitário,
se for … azar, intimidam logo para abrir a mala. Você fica furibundo porque
sente-se uma pessoa decente a ser injustiçada, envolvida em cada vez mais
truques de dissuasão.
O seu único momento de glória é arrastar a mala, sem uma
roda, provocando um risco no mármore e um som que leva os dentes dos colegas à
suprema aflição. Se alguém chamar a atenção, responda: “é um dano menor!” De
preferência mostre os dentes, interpretarão que é um sorriso mas se pudesse
dava-lhes uma dentada.
As
reclamações são auditorias de borla, a companhia e seus “associados” podem
tornar um mau momento como palco da sua credibilidade. Quando quiserem …
Diário de Notícias do Funchal
Data: 07-06-2015
Data: 07-06-2015
Página: 13
Link: Mala-pata
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