Molhe da Pontinha, por cada vez que é dado à exploração, tem vindo a
alterar a sua traça com a sobreposição de obras. Elementos históricos
desapareceram. A sua vocação divergiu.
Aproxima-se uma nova intervenção, por um credenciado atelier de
arquitectura e design de interiores. Depois do belamente inútil Terminal de
Passageiros do Porto do Funchal, estremeço. Uma “renovação” de ideias poderia
privilegiar o útil, prático e necessário, pondo fim a uma era de megalomanias. Vai
surgir um Centro de Design com ligação ao mar. Acredito nas boas intenções mas
… e a vocação?
A APRAM volta a ter a mesma equipa, presumo que agora vai ser
diferente.
Nestas coisas lembro-me sempre do velhinho do Lugar de Baixo, a
alertar os sábios engenheiros: “- Uolhe cu’mar ali bate d’rijo”.
O Molhe da Pontinha, em horário alargado, dava um excelente centro de
promoção e de apoio à pesquisa no porto. Um bar náutico permitiria promover o
convívio das sinergias, dos visitantes e das pessoas ligadas ao mar com uma
vista livre. Com wireless teria as tripulações “grudadas” e os passageiros
viriam atrás.
Ali deveria estar o Clube de Entusiastas de Navios com as suas
actividades e a colecção de crestas, o futuro Madeira Cruise Club, um espaço dos
spotters/ bloggers e dos destacados das redes sociais que promovem permanentemente
o porto do Funchal de forma gratuita. O Molhe poderia acolher e fomentar os
movimentos de fãs das companhias de cruzeiros nas suas acções.
O exemplo dos
AIDA’s mostra o retorno e como as receitas a bordo aumentam com as despedidas. O
Molhe deveria conter um centro de estudos capaz de tratar do grande acervo de
fotos antigas com navios na baía do Funchal, identificando datas, navios e
motivos especiais. Deveria acolher as visitas dos reformados do mar com as suas
histórias e as colecções privadas para que pudessem ser vistas.
Com este conjunto de elementos se faria a integração nos circuitos do
coleccionismo, saudosismo, informação e de fãs. Muitos famosos cá estiveram e
deveriam ser dados a conhecer aos visitantes, criando charme e singularidade, num
museu com a verdadeira vivência, expondo fotos, documentos, crestas e
memorabilia.
O porto precisa de fazer
as pazes com os funchalenses. Estas ideias promoveriam um movimento natural que
traria a velha mística à Pontinha. Estaria garantido um manancial de eventos
com elevada cadência e qualidade. A massa crítica estaria reunida para bem do
porto, caso contrário, o futuro é de velhinhos com cajado.
Diário de Notícias do Funchal
Data: 10-05-2015
Página: 12
Link: "Pontinha de juízo"
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